Se há um sistema operativo que está a fazer correr muita tinta ou, neste caso, a fazer-nos dar muito ao dedo é o Windows 11. Claro que na maioria das vezes isto deve-se a bons motivos. No entanto, no caso do novo sistema operativo da Microsoft é um misto. Faz-nos lembrar aquelas comédias do estás contente por ter isto, isto e isto? Ah mas não podes. Diz-se que a Microsoft segue um padrão de lançar um sistema operativo bom e outro mau. Windows XP foi bom, o Windows Vista foi mau. O Windows 7 foi bom, o Windows 8 foi mau. Já o Windows 10 foi bom e ainda não se sabe muito bem o que vai acontecer com o 11. Será que o lançamento terrível vai ofuscar tudo o que o novo Windows tem para oferecer?
Windows 11: Microsoft pode ter dado tiro fatal no sistema operativo
Em Portugal a comunicação da Microsoft sobre o mundo Windows é praticamente inexistente. Mas na realidade nem foi necessária para nos deixar a nós e a muitos a salivar pelo Windows 11. Afinal de contas num mundo tão interligado rapidamente somos informados de tudo o que se passa através do exterior. Foi assim que fomos sabendo do fim dos mosaicos, do melhor funcionamento em configurações multi-monitor, dos cantos redondos e de muitos outros elementos que estão no novo sistema operativo. É verdade que na prática o Windows 11 foi buscar tudo ao Windows 10. De facto, o que existe num, existe noutro. No entanto, conseguiu melhorar muitos aspetos do Windows 10 e isso é importante.
A Microsoft no evento de apresentação lá fora fez um excelente trabalho com o Windows 11. De facto, mostrou-nos que eventualmente seria aquele sistema operativo que todos queremos ter. Mas ainda nos deu mais. Deu-nos a informação que quem tem o Windows 10 podia facilmente migrar para o Windows 11 e sem pagar nada! Isto assumindo que os requisitos eram iguais. O problema é que ninguém se entende e até a Microsoft já voltou atrás na questão das especificações.
A confusão começou logo no TPM
Olhem para o TPM com um chip especial onde a nossa informação é armazenada com segurança. Pode estar incluído no processador ou como um módulo separado da motherboard. Mas quando falo de informação não falo de documentos ou ficheiros. Falo, por exemplo, de dados de autenticação biométricos e chaves que algumas apps precisam para trabalhar. Neste sistema confia também o Secure Boot, que impede que utilizadores mal intencionados comprometam o nosso sistema durante o arranque.
Ora o Windows 11 pedir isto não é necessariamente mau.
Afinal de contas só está a zelar pela segurança dos utilizadores. O problema aqui foi a confusão que se criou. Inicialmente apenas era necessário o TPM 1.2. É um sistema que foi implementado em 2005 e como tal está presente na maioria dos PCs. Depois, afinal, percebeu-se que seria necessário o TPM 2.0. Este já foi lançado em 2015 e ainda há muitos computadores que não o têm.
Ora esta novidade limitou aos últimos cinco anos, os PCs que podem ter direito ao Windows 11. Mas ainda houve outro pormenor a gerar confusão. É que muitos fabricantes desativam o TPM 2.0 na BiOS. Aliás falei disto aqui quando expliquei como podiam fazer para instalar o Windows 11. Eventualmente tudo é resolvido através de um módulo que pode ser adquirido à parte. Mas depois vieram os scalpers complicar a questão. Ou seja, aqueles que esgotam o stock para depois venderem mais caro. Enfim. Seja como for, para os que têm o TPM 2.0 nem sempre é fácil ativarem. Cada BIOS é uma BIOS e mesmo com o Dr. Google a ajudar nem sempre é fácil.
O mesmo se passa com o Secure Boot. É outro dos requisitos. Neste caso a maioria dos PCs até o têm. No entanto também não vem ativado por defeito. Mais uma vez o Dr. Google tem de ajudar-nos a ativar na BIOS.
Mas as coisas não ficam melhor ao nível dos processadores
Se no Windows 10 ficámos a saber logo todas as especificações, no Windows 11 não foi bem assim. Disseram que seria necessário 1 GHz ou superior com dois ou mais núcleos e um processador compatível com 64-bit. Ou seja, logo aqui percebemos que os processadores de 32 bit não iriam correr o Windows 11. Isto não é nada que tire o sono. Afinal de contas, já se adivinhava há muito.
O problema chegou quando a Microsoft falou dos processadores Intel de oitava geração ou dos AMD Zen 2. Ora os processadores Intel de sétima geração chegaram em 2017 e ainda estão no mercado. Faz sentido estes processadores não serem incluídos? Já se falou que a Microsoft iria analisar estes requisitos novamente mas sinceramente penso que pouco vai mudar.
Pode dizer-se que a Microsoft, no caso da Intel, quer os processadores de oitava geração por questões de segurança, mas ainda assim não parece uma razão muito válida.
Os requisitos afinal podem não ser estes?
Quem descarrega o ISO do Windows 11 Preview e não vai pelos updates do Windows que dão sempre a informação de que o novo sistema operativo não é compatível com a nossa máquina conseguimos instalar sem problemas. De facto, mesmo que não tenhamos o TPM 2.0 nem um processador Intel de oitava geração.
Ora a Microsoft diz que isto foi feito para as pessoas poderem explorar o sistema operativo. De facto, até pode incluir os processadores de sétima geração. Mas será justo as pessoas habituarem-se ao novo SO e quando sair a versão final dizerem Obrigado e Adeus?
A Microsoft fez quase tudo bem no sistema operativo Windows 11
Desculpem-me a comparação mas a Microsoft desta vez conseguiu fazer aquilo que a Apple faz há anos! Saber vender os seus produtos. Até aqui era lançar e tentar agradar às empresas. Desta vez a Microsoft fez as jogadas certas, deixou escapar o que queria deixar escapar e deixou-nos a todos muito interessados no Windows 11.
Ora considerando todo este trabalho que foi feito, bem que se dispensava estas questões que surgiram a seguir. Confusão de requisitos e a sensação que o nosso computador que não comprámos assim há tanto tempo, é um computador velho. Ainda por cima estamos numa altura de crise de componentes. Comprar um PC novo não é assim tão fácil nem barato.
Será que a Microsoft deu um tiro fatal no sistema operativo?
Depende dos próximos passos. A coisa mais importante que devia fazer era acabar com esta confusão à volta das especificações. Landing page a explicar todos os requisitos e até as razões para os mesmos. Ou seja, o fim das surpresas. Assim as pessoas saberiam com o que poderão contar A partir daqui é continua o excelente trabalho que está a fazer na interface e até no processo de instalação que está ainda mais intuitivo. É que caso não o faça, voltaremos à matriz do Windows bom Windows Mau e não se esqueçam que o Windows 10 foi bom.
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