O Apple Watch mede mesmo bem os batimentos cardíacos?

Quando a Apple lançou o primeiro Apple Watch, a promessa era clara: não era apenas um relógio inteligente, mas um dispositivo capaz de melhorar a saúde e ajudar no bem-estar diário. Um dos grandes trunfos era o sensor de batimentos cardíacos integrado, que permitia medir o ritmo do coração em tempo real. Mas a pergunta que continua a intrigar muitos utilizadores é simples: afinal, o Apple Watch mede mesmo bem os batimentos cardíacos ou não passa de marketing?

Como funciona o sensor do Apple Watch?

O segredo está numa tecnologia chamada fotopletismografia (PPG).

Traduzindo: o relógio usa LEDs verdes e infravermelhos juntamente com fotodíodos para analisar a forma como o sangue circula nos vasos sanguíneos. Com base na luz absorvida, o Apple Watch consegue calcular a frequência cardíaca em repouso ou durante o exercício.

Não é, contudo, um dispositivo médico por isso não substitui um exame profissional. A Apple junta a isto algoritmos de machine learning para interpretar os dados e oferecer funcionalidades como:

  • Registo de frequência cardíaca em repouso e em movimento;
  • Alertas para valores demasiado altos ou baixos;
  • Histórico de fibrilhação auricular (AFib);
  • Condição física cardiovascular e recuperação pós-exercício.

O que dizem os estudos da Apple?

Segundo dados oficiais da Apple (publicados em novembro de 2024):

Em repouso, o Apple Watch é preciso até 5 batimentos por minuto em 98% das medições. Entretanto a precisão aumenta para 99,7% quando a margem de erro é de 10 batimentos. Nos treinos, a fiabilidade varia: 96% em ciclismo, 91% em exercícios de alta intensidade, 87% a andar e 88% a correr.

Apple Watch Series, Apple Watch hipertensão

Entretanto os modelos mais recentes (a partir do Series 6) mostram melhorias significativas em comparação com os antigos, sobretudo em monitorização passiva (em segundo plano).

E os testes independentes?

Não é só a Apple que defende a sua tecnologia. Estudos independentes confirmam que a margem de erro é mínima. Assim uma meta-análise de 56 estudos concluiu que a diferença média era de apenas -0,12 batimentos por minuto, considerada “aceitável”;

Outro estudo, publicado no Journal of Student Research, comparou o Apple Watch com uma cinta de peito da Polar (considerada padrão de referência). O desvio encontrado variava entre 0,3 e 1,3 batimentos, sem relevância estatística.

Até em pacientes com hipertensão e diabetes, os resultados mostraram correlação forte com equipamentos médicos, sugerindo que o Apple Watch pode ser útil como ferramenta complementar em ambiente clínico.

Mas atenção: não é para todos

Nem tudo são boas notícias. O IEEE Journal of Translational Engineering in Health and Medicine alerta que pessoas com arritmias cardíacas, como a fibrilhação auricular, devem ter cautela: nestes casos, o Apple Watch pode não ser totalmente fiável.

Ou seja, para o utilizador comum, seja em repouso ou em treino, o Apple Watch é muito preciso e pode dar informações úteis sobre a saúde cardiovascular. Mas, para quem tem doenças cardíacas diagnosticadas, continua a ser indispensável usar equipamento médico certificado.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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