Laetitia: novo jogo de Jaime Grilo, uma maravilha em 4 partes

Jaime Grilo evoluí a olhos vistos e andava já a prometer um grande jogo. E conseguiu agora com Laetitia. Relata as aventuras e desventuras de uma sexy bruxinha, que tem que ajudar a sua tia a criar uma poção mágica, capaz de derrotar a bruxa má. E a primeira novidade deste jogo é que o mesmo é composto por nada menos, nada mais, quatro partes.

Sim, leram bem, quatro partes. Potenciando ao máximo as capacidades do Arcade Game Designer, num exercício apenas semelhante a Aeon, pelo menos que tenhamos conhecimento (já se sabe que a memória disponível para os jogos criados com o AGD não é grande).

Cada uma delas pode ser carregada autonomamente, mas por uma questão de enquadramento da própria história do jogo, aconselhamos a seguirem a ordem correcta.

Assim que carregamos a primeira parte, o loading screen chama-nos logo a atenção. E não é difícil de imaginar quem é o criador. Andy Green, pois claro, responsável por alguns dos mais belos ecrãs feitos para o Spectrum. Neste caso inspirando-se num desenho original de Lucy Fidelis. Desde logo abrindo o apetite para o que ai vem (sem qualquer maldade ou segundo sentido). Mas além de Jaime ter criado um jogo grandioso, com mais de cem ecrãs, também construiu uma história bastante interessante à volta dele, onde nem sequer faltam nomes das personagens baseados em personagens antigas ou mitológicas.

Como já referimos, a personagem principal é a jovem e sexy Laetitia. Vive em Grynnet, uma pequena aldeia que foi enfeitiçada por uma bruxa chamada Grizelda, ficando a aldeia ao seu serviço. Apenas escaparam à maldição, Runella, uma velha feiticeira, e Ordentur, o velho sábio da aldeia, pois ambos viviam na parte mais distante de Grynnet, conseguindo esconder-se. Runella já é velha, mas pode contar com a sua jovem sobrinha Laetitia, a heroína da história. Laetitia não tem a sabedoria da sua tia, mas é destemida e voluntariosa, não hesitando em ajudar.

Sabendo que a sua sobrinha ainda não estava ainda em condições de enfrentar Grizelda. Runella consultou o seu antigo livro de poções. Encontrou uma que aumenta substancialmente os poderes de Laetitia! Para que ela pudesse então derrotar Grizelda.

Assim, nas primeiras três partes, Laetitia terá que apanhar os ingredientes necessários para a poção mágica, sempre contando com a ajuda do velho sábio. Na última parte, Laetitia vai enfrentar Grizelda na sua fortaleza. O desenrolar da acção é ligeiramente diferente das partes anteriores.

Desde já damos um conselho a quem se resolver embrenhar nesta aventura. Apesar da tia feiticeira e do velho sábio irem dando dicas muito úteis ao longo do jogo, não deverão abdicar de ler as instruções completas para cada uma das partes.

Doutra forma vai-vos acontecer o mesmo que a nós na fase de testes do jogo. Ficamos emperrados sem saber o que fazer. Façam-no para cada uma das partes. Pois além de dar informações sobre os ingredientes a obter e os locais onde se encontram, diz-nos a ordem em que se deve obter os itens ou avançar com determinadas acções, o tipo de inimigos que vão encontrar, etc.. É que ao contrário de alguns dos outros jogos de Jaime, Laetitia não é um jogo imediato, antes uma aventura de arcada, com objectos a serem obtidos antes de se poder avançar para outras partes do cenário, alavancas para serem manipuladas, e mais uma série de elementos comuns a este género de jogos.

Bom golpe de vista e muita intuição também é fundamental. É que no meio dos cenários, quase de forma despercebida, por vezes encontram-se os ingredientes necessários para levar à tia. E como se não fosse pouco, Jaime ainda deixou algumas maldades, ingredientes falsos que além de não ajudarem, retiram energia a Laetitia, e que obrigam a fazer caminhos quase impossíveis, para depois se chegar à conclusão que foi tempo perdido e riscos desnecessários em que se incorreu.

Laetitia tem também algumas manhas!

Em primeiro lugar, tal como todas as bruxas (sejam boas ou más), tem a capacidade de voar montada na sua vassoura. (Desde que não seja nas cavernas – já lá vamos).

Tem ainda a capacidade de dar grandes saltos. Pressionando a tecla de saltar e para cima, muito conveniente em alguns locais. Requer, no entanto, alguma habituação até dominarmos o sistema de salto na perfeição.

Por fim, pode disparar feitiços, no entanto estes apenas afectam alguns oponentes.

Por exemplo, os morcegos e as plantas carnívoras ficam imobilizadas durante alguns segundos (os suficientes para serem ultrapassadas). Também em alguns momentos são fundamentais para revelar outras partes do cenário (nas estátuas, por exemplo – terceira parte). Mas em muitos casos os feitiços apenas fazem cócegas nos oponentes e a única alternativa é evitá-los (saltando por cima deles, como é o caso dos esqueletos).

O próprio cenário do jogo divide-se em duas partes distintas. Há oponentes diferentes e as próprias capacidades da Laetitia a variarem em cada uma delas. (A capacidade de voar, por exemplo).

Assim, na superfície encontra-se a floresta, a tia e o velho sábio, bem como as diversas cabanas que dão acesso às cavernas. Para se entrar nas cabanas é necessária a chave respectiva. Sendo fundamental visitar o velho sábio, que as fornece à medida que vão sendo completadas as tarefas.

Nas cavernas normalmente obtém-se os ingredientes solicitados pela tia, assim como outros objectos necessários para serem levados até ao sábio.

Os inimigos, regra geral, são mais complicados, e é aqui que Laetitia tem que demonstrar que é realmente valente. Alguns são bem chatinhos, caso dos esqueletos, e na quarta parte os guardas levam mesmo a Laetitia para a prisão (felizmente consegue escapar facilmente, mas tem que voltar a percorrer o caminho feito anteriormente e a sujeitar-se a mais riscos).

Assim, uma das coisas que mais gostámos em Laetitia foi a sua diversidade, sendo a última parte o expoente disso. Por norma os jogos criados com o AGD são repetitivos, e como a memória não é muita, frequentemente os programadores obrigam o jogador a percorrer os mesmos caminhos vezes sem conta, artimanha que permite aumentar a longevidade e tempo de jogo. Isto também aqui acontece, obviamente, mas dado as diferenças entre as diversas partes, e mesmo em cada parte os cenários são substancialmente diferentes (a fazer lembrar um pouco Sophia), essa fragilidade é atenuada.

Mas se no factor da jogabilidade Jaime tem vindo a fazer uma grande evolução (quem se lembra dos primeiros jogos, ou demasiado fáceis, ou demasiado difíceis).

Há agora um ajustamento perfeito do nível de dificuldade, também a vertente gráfica melhorou bastante. Os cenários continuam a ser bastante imaginativos, como é apanágio do Jaime. Mas os sprites são agora mais nítidos e bem desenhados, algo que também já tínhamos notado no seu último jogo, Astronaut Labyrinth.

Até a música, responsabilidade de Fox Fluffy’s, com várias melodias ao longo do jogo, está ao nível do restante pacote.

Perante tudo isso, é obrigatório vir aqui descarregar Laetitia. É excelente, é produto nacional, e não é todos os dias que temos oportunidade de entrar na pele de uma simpática (e sexy) bruxinha…

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André Leãohttp://planetasinclair.blogspot.pt/
Tive o meu primeiro computador em 1985, um TC 2048, que me iniciou na informática. Apesar de no final dos anos 80 ter definitivamente passado para os 16 bits, o bichinho do Spectrum e clones sempre ficou, até aos dias de hoje. Atualmente coleciono tudo o que tenha a ver com o Spectrum e vou estando a par das novidades deste mercado, sendo fundador do blogue Planeta Sinclair.

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