Como o meu colega Bruno Fonseca falou neste artigo, a caça à pirataria está a ganhar contornos assustadores, em que por vezes paga até o justo pelo pecador. Especialmente quando se fala do lado do futebol, que é obviamente uma das grandes vítimas da banalização do IPTV ilegal super premium.
Mas, antes de melhorar, as coisas vão piorar ainda mais.
IPTV: Pirataria vai causar danos no futebol?
Portanto, como já mencionámos em outros artigos, grandes ligas europeias de futebol, como a Espanhola e Italiana, estão a começar a entrar em pânico com a disseminação do IPTV Ilegal em larga escala.
Afinal, quantas mais pessoas estiverem a usufruir de um serviço pirata, menos estão a pagar os pacotes de subscrição aos canais Premium.
Este é um assunto que também já tocámos em vários artigos, e que apesar de ilegal, é uma clara resposta ao abuso de poder de todos os intervenientes do mundo do futebol. Ter acesso aos jogos está caro, está demasiado caro.
Por isso, os consumidores estão a optar por outros caminhos para ter acesso ao conteúdo.
Dito tudo isto, caso não saiba, enquanto a Liga Espanhola quer obrigar a Google a desinstalar remotamente apps de IPTV dos smartphones dos utilizadores. A Liga Italiana quer alterar algumas das partes do pacote de leis “Piracy Shield” de 2023.
Qual é o impacto? Bem, se existir suspeita de atividade criminosa, as emendas à lei obrigam os fornecedores de serviços de rede a informar imediatamente as autoridades. Isto inclui motores de pesquisa, fornecedores de DNS, VPN, servidores Proxy, e até plataformas de segurança da Internet.
Segundo as sugestões destas ligas, uma não comunicação, ou atraso, implicaria pena de prisão até um ano, ou multas rigorosas.
Até os serviços de VPN são um alvo!
O alvo em cima dos serviços de VPN é lógico. Sendo uma tentativa de nivelar o campo de jogo. Ou seja, a “nova” lei obriga uma implementação do bloqueio da mesma forma que os ISP já fazem em Itália.
Mas enquanto apenas os ISP locais são obrigados a “envenenar” os seus servidores DNS para redirecionar os utilizadores locais, a proposta para as VPN e os DNS diz que devem ser obrigados a participar no Escudo contra a Pirataria onde quer que estes estejam.
Que alterações estão a ser propostas?
O ponto 1 parece inofensivo, ao procurar substituir a palavra univocamente pela palavra predominantemente. Mas o contexto é importante. Se a localização de um alvo de bloqueio (endereço IP/domínio) não for partilhada com nenhum serviço jurídico, o bloqueio prossegue simplesmente. A alteração procura mudar o sistema, de modo a que seja legal bloquear conteúdos legais, se o servidor estiver predominantemente focado em conteúdos ilegais. Esta alteração visa eliminar todos os limites ao volume de bloqueio permitido, independentemente de quem isso afecte negativamente.
Como deve imaginar, não fosse Portugal uma região “louca” com o desporto Rei, o futebol é obviamente um desporto importante e, como tal, merece algum nível de proteção.
No entanto, recorrer a ameaças de prisão, ou multas absurdas, contra os serviços apenas focados em oferecer Internet de qualidade aos consumidores, simplesmente porque são alvos mais fáceis do que aqueles que realmente fornecem as transmissões, é, no mínimo, assustador.
Entretanto, o próximo passo pode passar por começar a castigar os próprios utilizadores. Afinal, vale tudo para manter o dinheiro a fluir.