Durante anos, a ENGWE ficou associada àquele estilo de bicicletas elétricas exageradas, pesadas, com pneus largos e um ar meio futurista que até impressiona numa foto, mas que rapidamente se torna pouco prático no dia a dia.
Mas, como qualquer fabricante, a marca aprendeu que esse não seria o caminho para crescer, e se começar a identificar como uma marca cada vez mais premium.
Podemos até dizer que a P275 SE é uma evolução incrível, naquilo que também é uma negação desse passado. Ou seja, é uma e-bike pensada para quem quer ir trabalhar, fazer recados, circular pela cidade ou por estradas secundárias sem dar nas vistas e sem grandes dramas.
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Engwe P275 SE. Uma e-bike simples, confortável e honesta!
A proposta é clara, e vai de encontro aquilo que o mercado tem vindo a pedir.
Estamos a falar de um motor de 250W com sensor de binário, travões hidráulicos, luzes integradas, guarda-lamas, porta-bagagens traseiro e uma bateria integrada no quadro.
Tudo isto por um preço a rondar os 1000€, o que a coloca diretamente no radar de quem procura uma bicicleta elétrica funcional sem entrar em loucuras de preço.
Montar a Bicicleta e primeiras impressões
Como em qualquer bicicleta da ENGWE, é preciso algum tempo, e alguma habilidade. Vá, mais ou menos. A habilidade vai servir para lhe poupar tempo, porque qualquer pessoa monta isto, demore mais ou menos tempo.
A grande dificuldade está no facto de ser necessário montar a roda da frente. Depois é o normal, ou seja, o guiador, os guarda-lamas, o porta-bagagens e as luzes.
Nada de dramático para quem já montou bicicletas, como é o meu caso. Mas quem não tem grande à vontade com ferramentas pode sentir algum desconforto inicial.
Depois de montada, a sensação muda rapidamente. A bicicleta tem bom aspeto, soldaduras limpas, cabos bem integrados e uma bateria que não destoa do conjunto. De facto, parece mais cara do que realmente é.
Na estrada, a P275 SE surpreende pela forma como entrega a assistência elétrica.
Ou seja, o sensor de binário faz toda a diferença e por isso eleva a experiência a um patamar bastante mais alto face a certas rivais já no mercado. Isto significa que ajuda do motor entra de forma natural, sem solavancos, acompanha o esforço do ciclista e desaparece suavemente quando se atinge o limite de assistência.
Para quem anda muito em cidade, com paragens constantes e arranques frequentes, isto faz toda a diferença. Tudo é previsível, controlável e confortável. É quase como se fosse um carro elétrico de nova geração. Tudo acontece de forma… Natural.
Dito tudo isto, o motor traseiro é silencioso e suficiente para terrenos planos ou ligeiramente ondulados. Porém, em subidas mais agressivas, especialmente acima dos 10%, começam a notar-se os limites. De facto, em inclinações muito íngremes, é preciso mesmo ajudar com as pernas. O que é normal, estamos a falar de um motor “fraquinho”. Não é uma bicicleta para zonas montanhosas, mas para o uso urbano e periurbano cumpre perfeitamente.
O conforto é um dos pontos fortes.
A posição de condução é direita, relaxada, o quadro step-through facilita subir e descer da bicicleta, algo muito bom para pessoas mais baixas, além disso, o selim consegue equilibrar bem firmeza e conforto.
A suspensão dianteira é simples, mas combinada com os pneus de 27.5 polegadas e 1.95 de largura, filtra bem os possíveis buracos, ou irregularidades do piso.
Os travões hidráulicos cumprem! Não são de marca conhecida, mas oferecem potência suficiente para uso urbano e travagens consistentes no dia a dia. Em descidas longas e acentuadas nota-se alguma fadiga, mas nada fora do esperado para esta gama de preço.
Bateria
A bateria de 450Wh está bem integrada no tubo inferior e contribui para um bom equilíbrio geral.
A autonomia real anda à volta dos 70 quilómetros, mas aqui tudo depende do nível de assistência que usas no dia-a-dia. Não é nada de extraordinário, mas chega perfeitamente para a maioria dos trajetos urbanos.
Entretanto, em utilização mais intensa, como entregas ou percursos longos com muitas subidas, a margem diminui bastante. Ainda assim, quando a bateria acaba, a bicicleta continua utilizável, algo que nem sempre se pode dizer neste segmento.
O sistema de mudanças Shimano de 7 velocidades é simples, fiável e adequado ao propósito. Não impressiona, mas também não falha. Os pneus CST merecem destaque pela durabilidade e resistência a furos, mesmo em utilização diária em cidade e estradas secundárias.
Há detalhes práticos que contam pontos. Guarda-lamas eficazes, porta-bagagens robusto, descanso, proteção de corrente e luzes integradas alimentadas pela bateria principal. As luzes servem bem em cidade, mas quem anda em estradas sem iluminação vai querer algo mais potente à frente.
Conclusão
No final do dia, a Engwe P275 SE não tenta ser mais do que é. Não promete desempenho desportivo nem aventuras fora de estrada. Promete ser uma bicicleta elétrica confortável, honesta e funcional para o dia a dia. É isso, e isso chega para 90% dos consumidores.
