Dragon’s Dogma 2 (Análise PS5)

Dragon’s Dogma 2 é um caso peculiar, isto porque sinceramente não se trata tanto de uma sequela mas sim de um pseudo remake do Dragon’s Dogma 1, agora com um budget maior! (O próprio titulo do jogo nos créditos principais omite o 2).

Por isso, talvez seja mais fácil imaginar o caso dos Final Fantasy, em que muitos aspetos dos jogos são comuns entre si (os summons, alguns inimigos, os modos de jogos, etc…), porém, é um mundo e história à parte.

Posto isto, para quem jogou o primeiro Dragon’s Dogma, vai sentir-se completamente em casa neste título! Pois o que era único nesse primeiro jogo, foi melhorado e aplicado em DD2. No entanto também significa que, sendo tão semelhante, algumas críticas apontadas a DD1 também se mantêm neste “novo” jogo.

Será então que Dragon’s Dogma 2 consegue “reimaginar” este franchise e criar um impacto verdadeiramente duradouro no mundos dos RPG? Vamos descobrir com esta análise.

História

Dragon’s Dogma 2, apesar de não ter um início tão explosivo como DD1, não perde tempo no que toca a criar intriga. Afinal, tudo começa com a eleição de um novo Sovran, alguém escolhido pelo Dragão como o seu maior rival e suposto salvador do povo.

Porém, claro que algo tem de correr mal… Assim, pouco depois de se sentar no trono, Sovran recebe uma visão com um presságio sombrio, visão essa que termina com o mesmo a perder a consciência.

A Capcom, tirando uma página do livro “como introduzir uma personagem RPG” escrito pela Bethesda, leva-nos de seguida para uma prisão onde podemos escolher a raça, aparência e nome da nossa personagem. Entretanto, após este processo, somos levados para as minas onde temos de realizar trabalho duro até sermos rudemente interrompidos por uma górgona. (Que diria ser anti escravatura se não matasse os escravos também).

Esta batalha serve como introdução ao sistema de combate assim como oportunidade de fuga para o nosso herói/heroína.

Desta forma, agora à solta do mundo, cabe-nos descobrir o nosso propósito como Arisen e decidir o destino deste mundo.

Gameplay

Aquilo que mais diferencia o Dragon’s Dogma de outros RPG como o Skyrim e o Witcher 3, é sem dúvida o estilo de combate.

Afinal, enquanto na maioria de outros RPG com combate em tempo real, o protagonista se limita a atacar a parte do corpo que mais “tem à mão” até a criatura/boss começar a mostrar alguma fraqueza, ou ser derrotada. Em DD muitas das vezes temos de trepar para cima dos monstros maiores para conseguirmos derrubar!

  • (No fundo, é mais realista do que estar meia hora a atacar o calcanhar de um monstro gigante até ele morrer).

Claro que as nossas opções não estão limitadas a combate corpo a corpo com espadas e escudos, aliás, Dragon’s Dogma oferece bastantes estilos diferentes de combate que podemos utilizar consoante a nossa preferência!

  • Quer ser um arqueiro mágico que ataca os inimigos à distância? Quer ser um mago que cura os seus pawns enquanto invoca ataques mágicos devastadores? Ou talvez um ladrão assassino que usa bombas de fumo e adagas para matar os seus inimigos?

(Para quem não jogou o primeiro DD, um Pawn é um NPC recrutado pelo jogador que pode exercer qualquer função que o Arisen necessite. Estes funcionam como a nossa “party” com os quais podemos também aprofundar relações.)

Todos estes estilos de jogo, juntamente com a versatilidade nos nossos pawns, faz com que DD seja um RPG mais “hardcore” que pode ser apreciado por qualquer fã do género… se estiverem dispostos também a lidar com uma boa quantidade de “jank”/falta de polimento em certos aspetos.

A realidade é que este tipo de combate atrai alguns bugs e glitches que, apesar de não serem “game breaking”, conseguem por vezes ser frustrantes! Especialmente quando queremos trepar um inimigo gigante e a câmara decide ir “dar uma volta”.

Claro que sendo um RPG, o combate não é a única atividade em que podemos participar.
Temos um vasto mundo para explorar, cheio de personagens secundárias, quests, elementos de crafting e muitos segredos para descobrir.

Algo que também foi introduzido de novo em DD2 é a capacidade de acampar juntamente com a nossa party. Este sistema permite tanto passar o tempo, como cozinhar refeições que nos podem dar buff ou até simplesmente conversar com os nossos companheiros. São estas mecânicas imersivas que eu valorizo bastante em RPGs e que parecem estar um pouco a desaparecer.

Pois bem, existe também outro elemento em que DD se diferencia de outros RPG modernos… com isto refiro-me claro, à falta de um sistema moderno de Fast Travel.

Curiosamente só nos apercebemos do quão dependentes estamos de um sistema quando o acesso ao mesmo nos é limitado. Posso admitir que é frustrante por vezes ter o instinto de querer abrir o mapa e transportar-me para algum sítio já explorado e lembrar-me que tenho de ir com o Armando (às vezes a pé, às vezes andando).
É de salientar porém que houve um cuidado extra por parte dos developers em tornar estas navegações o menos entediantes possíveis (com sucesso questionável após a vigésima vez que passamos pela mesma estrada).

Não quer dizer que não existam algumas opções de viagem alternativas, mas são tão pouco práticas que sinceramente é preferível ir a pé em 90% casos.

Temos por exemplo a opção de utilizar os chamados Portcristals, cristais que podem ser ativados em pouquíssimos locais espalhados pelo mapa. Já é qualquer coisa certo? Nope, porque para conseguirmos viajar até esse cristal não chega só ativá-lo, temos de gastar um item chamado ferrystone de utilização única que pode ser comprado por 10.000 gold… que é caro que dói, servindo apenas para “emergências”.

Em certas vilas existem também os Oxcarts, estas são carruagens que podem ser alugadas por pouco gold e que nos levam a destinos pré definidos. Seria uma ótima opção, se a carruagem não pudesse ser atacada a meio da viagem, forçando uma paragem até lidarmos com os atacantes.
Já para não falar que o tempo in-game continua a contar, significando que podemos esquecer este método de transporte de existirem quests com limite de tempo.

Gráficos e Performance

Neste departamento, bem… diria que é como o melhoral, nem está bem, nem está mal.
Sendo mais especifico, posso dizer que no que toca à PS5 não considero que os FPS a que o jogo corre justificam a qualidade gráfica que é apresentada.

Não é que os gráficos sejam maus, até porque há alturas e certas paisagens que dei por mim parado a apreciar. Simplesmente posso dizer que ter um jogo a correr entre 30FPS a 45FPS sem estabilidade (sem opção gráfica para baixar a resolução e subir para 60FPS) tem de ter hoje em dia gráficos que deslumbrem para compensar minimamente.

Microtransações

Ora bem, vamos falar agora do “elefante na sala”…

Dado o historial recente da Capcom, eu (na minha ingenuidade) achava que estávamos a caminhar finalmente no sentido certo no que toca a microtransações. Posso dar como exemplo recente do Resident Evil 4 Remake, que teve um DLC espetacular a um preço altamente acessível, assim como um modo VR gratuito.

Pois bem, vem agora DD2 queimar essa boa fé ao apresentar cerca de 42 euros em “DLC” no dia do lançamento. Curiosamente não houve qualquer menção desta quantidade descomunal de DLC durante o período em que o reviewers testaram o jogo antes do lançamento oficial… Porque será?

É certo que num jogo singleplayer, haver DLC que afetam diretamente o gameplay não é tão mau como num jogo multiplayer competitivo. Porém temos também de considerar a possibilidade dos developers tornarem certos items propositadamente mais difíceis de adquirir. (As grandes empresas só se preocupam com os lucros).

Dando um último exemplo prático, temos na loja à venda os Heartfelt Pendants. Itens que são impossíveis de adquirir dentro do jogo e que, dados aos Pawns, melhoram instantaneamente a sua relação connosco.

Conclusão

Em suma, Dragon’s Dogma 2 é mais daquilo que era o primeiro DD, no bom e no menos bom. Continuamos a ter um sistema de combate profundo e diferente, porém com alguma falta de otimização.

Continuamos a ter um mundo/história muito interessantes de explorar, porém com uma performance questionável. (Isto sem Fast Travel, que pode ser um turn off para algumas pessoas).

Contudo não deixa de ser uma experiência que vale a pena para um fã de RPGs que procura algo que fuja um pouco aos jogos atuais de “mundo aberto”. (Escalar torres para desbloquear o mapa, etc…)

Recomendo Dragon’s Dogma 2 com um grande MAS.

Deve comprar a versão da PS5 se gostou do primeiro jogo ou se simplesmente lhe agradou as mecânicas de que falei. MAS quando melhorarem a performance e de preferência sem adquirir nenhum dos “DLC” ridículos que o acompanham.

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Gonçalo Henriques
Lembro-me de ser miúdo e passar os meus dias a jogar NES/PS1, acho que até aí já sabia que iria ser gamer para o resto da vida. Agora quero partilhar este meu interesse com todos os que estejam interessados em ouvir um geek a falar da sua paixão.

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