Todos já passámos por isso: seja durante uma longa viagem de carro ou numa semana atarefada em que simplesmente nos esquecemos de atestar, há aquele momento de tensão quando a luz da reserva se acende no painel de instrumentos. É uma sensação desconfortável. Especialmente se estivermos longe de uma estação de serviço e com o depósito praticamente seco. Nestes casos, surge a pergunta inevitável: afinal, quanto pode mesmo conduzir depois de acender a luz da reserva?
Quanto pode mesmo conduzir depois de acender a luz da reserva?
A resposta depende de vários fatores, como o modelo do automóvel, o estado do motor, o tamanho do depósito, a qualidade do combustível, o tipo de condução e até as condições climatéricas. E embora nunca seja aconselhável conduzir com o depósito praticamente vazio, é algo que muitos acabam por fazer. Isto quer seja de forma voluntária ou involuntariamente.
A margem de segurança oculta no depósito
A maioria dos carros modernos tem um sistema que calcula automaticamente a distância estimada até o depósito ficar completamente vazio. Trata-se do chamado “DTE” (Distance To Empty). Este valor é uma estimativa baseada na média recente de consumo, cruzada com a quantidade de combustível ainda disponível.
No entanto, este cálculo pode ser enganador. Por exemplo, conduzir em subidas acentuadas, com carga pesada ou enfrentar vento forte contra, pode reduzir drasticamente a autonomia. Além disso, os sensores de combustível nem sempre são 100% precisos. Como tal muitos fabricantes optam por fornecer uma estimativa conservadora para não arriscar deixar o condutor apeado.
Na prática, estima-se que a maioria dos veículos consiga percorrer entre 40 a 80 quilómetros depois de acender a luz da reserva. Isso acontece porque existe uma margem de segurança no depósito. Geralmente entre 10% a 15% da capacidade total que funciona como reserva invisível.
Os riscos de circular com combustível no limite
Mesmo que essa margem possa “salvar” o condutor em situações pontuais, conduzir com o depósito quase vazio de forma frequente traz riscos reais para o veículo. Com o tempo, o fundo do depósito acumula resíduos, ferrugem e impurezas, que podem ser aspirados para o sistema de injeção quando o nível de combustível está muito baixo. Isso pode entupir os filtros, danificar os injetores e gerar reparações dispendiosas.
Outro problema tem a ver com o funcionamento da bomba de combustível. Esta é refrigerada e lubrificada pelo próprio combustível. Quando se conduz com pouco combustível, a bomba pode aspirar ar, levando ao chamado “vapor lock”, especialmente em climas quentes. Isto interfere com o arranque do carro e pode até causar falhas graves no motor.
E não podemos esquecer a questão da segurança: se o carro perde potência em andamento por falta de combustível, sobretudo em vias rápidas, isso pode comprometer o controlo da direção e dos travões, aumentando o risco de acidentes.
Conclusão
Apesar de existir uma certa margem de manobra quando se entra na reserva, essa “liberdade extra” não deve ser encarada como uma regra. A melhor forma de evitar problemas mecânicos e situações perigosas é manter o depósito sempre com níveis razoáveis de combustível. Afinal, prevenir é sempre melhor e mais barato do que remediar.