IUC não aumenta, mas o parque automóvel em Portugal é VELHO!

O IUC não vai aumentar em 2026. É uma boa notícia, sem dúvida, depois de meses de incerteza e rumores sobre um possível aumento para carros matriculados antes de julho de 2007.

Mas se esta decisão trouxe algum alívio imediato, a verdade é que só adiou uma conversa inevitável. Mais cedo ou mais tarde, Portugal vai ter de enfrentar o problema de um parque automóvel envelhecido, poluente e inseguro.

Ah, e se acha que esta medida de divisão do pagamento do IUC ao longo do ano é inocente… Se calhar não é.

Um parque automóvel antigo e cansado! É perigoso!

Caso não saibas, Portugal tem um dos parques automóveis mais velhos da Europa. De facto, a idade média dos carros anda nos 14.5 anos, que claro está, é muito acima da média europeia.

Isto significa motores mais poluentes, menos eficientes e carros com menos segurança ativa e passiva. A diferença é tão grande, que podemos até dizer que quando um Português compra de facto um carro novo, salta de uma “carroça” para uma “nave espacial”.

Mas, comprar um carro novo é só para os “ricos”. Ou seja, enquanto os Portugueses fazem contas à vida para manter o seu carro atual, outros países estão a empurrar os condutores para veículos mais novos através de incentivos, benefícios fiscais e políticas consistentes de transição energética.

Por cá, continuamos a adiar. E quanto mais adiamos, mais difícil se torna a renovação.

O mercado de usados continua em alta, e de facto, hoje em dia, existe uma procura quase absurda por carros importados que já representam uma fatia enorme das novas matrículas. Mas, aqui também há um problema… A matrícula pode ser nova, mas o veículo pode ter mais de 10 anos.

É um ciclo vicioso. Os portugueses querem poupar, as políticas não ajudam, e o resultado é um país a andar em carros que já deviam estar reformados.

Matrículas novas, carros velhos

bmw

Não te deixes enganar pelas matrículas recentes que vês todos os dias. Grande parte desses carros não são novos, apenas “novos cá”.

A importação de veículos usados disparou, e muitos deles chegam com quilometragens elevadas e tecnologia ultrapassada. Aliás, por vezes, a quilometragem nem é a real, porque não é só em Portugal que existem “chicos esperos”. Lá fora também os há.

O que devia mudar?

Entretanto, o Estado continua a cobrar impostos elevados sobre veículos novos e elétricos, o que empurra os consumidores para o mercado de segunda mão.

Aliás, em Portugal, é completamente normal pagar pelo tamanho do motor, e não pela sua eficiência. Existem veículos novos e extremamente eficientes a pagar mais de ISV do que outros veículos apenas e só porque o motor é mais pequeno. É um sistema que não funciona, porque é arcaico.

Entretanto, com a inflação e o crédito automóvel cada vez mais caro, é difícil culpar quem opta por um carro com 200 mil quilómetros e um preço simpático.

O futuro não chega sozinho

A solução não passa por castigar os condutores com mais impostos, mas sim por criar condições reais para trocar de carro. Portugal precisa de um programa eficaz de incentivos ao abate, não apenas para elétricos, mas também para carros novos e eficientes com motor térmico. Um desconto direto no preço, um IVA reduzido e apoios simples de aceder seriam um bom começo.

Ao mesmo tempo, por isso seria importante repensar a tributação automóvel. O ISV continua a ser um obstáculo brutal à compra de carros novos, especialmente para famílias. E a carga fiscal sobre os elétricos, que devia ser mínima nesta fase de transição, está a aumentar em vez de diminuir. É o caminho inverso ao que faz sentido.

Também deveriam existir incentivos ao abate, entre outras coisas, para empurrar os condutores para veículos novos, em vez de andarmos nesta dança de usados e usados importados.

Conclusão

Portugal precisa de políticas consistentes e de incentivos claros que façam o consumidor olhar para um carro novo como uma oportunidade, e não como uma dívida eterna.

Enquanto isso não acontecer, o parque automóvel português vai continuar velho, perigoso e poluente. E, eventualmente, o Estado vai ser obrigado a intervir, e muito provavelmente, o IUC vai ser uma das armas.

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A ferver

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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