De certeza que já lhe aconteceu. Estar a falar do futuro automóvel, dos carros elétricos, do GPL, dos combustíveis sintéticos, e do nada… Falam do Hidrogénio.
Pois, durante anos, e de facto ainda vai acontecer aqui ou ali, foi apontado como o combustível do futuro. Um milagre da natureza. O elemento mais abundante do universo (que é), capaz de gerar energia limpa, sem emissões nocivas, libertando apenas vapor de água. Mas a verdade é que o hidrogénio continua a ser uma promessa, aparentemente sempre adiada.
Mas há uma razão muito clara para isso! É limpo quando o usamos… mas está longe de ser limpo quando o produzimos.
O problema não é o hidrogénio, é a forma como o fazemos!
A ideia é simples e até bonita. Em vez de queimar gasolina ou gasóleo, queimamos hidrogénio. O resultado? Nada de CO₂, só água. O problema é que o hidrogénio que usamos não se apanha do ar. Tem de ser fabricado. Sim, o Hidrogénio é abundante, porém, está quase sempre agarrado a “alguma” coisa.
Por isso, para o produzir, continuamos a usar… Quase sempre, combustíveis fósseis.
Ou seja, é preciso energia para produzir este tipo de energia.
Aliás, segundo a Agência Internacional de Energia, 96% da produção mundial de hidrogénio continua dependente de processos altamente poluentes. É o chamado hidrogénio cinzento, que resulta da quebra do gás natural a altas temperaturas. Só que este processo emite até 12 quilos de CO₂ por cada quilo de hidrogénio produzido. E mesmo as versões “melhoradas”, como o hidrogénio azul (que recorre a captura de carbono), ainda libertam entre 3 a 5 quilos de CO₂ por quilo de hidrogénio.
É por isso que tanta gente na área da energia olha para o hidrogénio com desconfiança.
A solução existe, mas está cara, e pior, lenta!
Existe, sim, uma alternativa: o chamado hidrogénio verde. Aqui, o processo de produção usa eletricidade vinda de fontes renováveis (como solar e eólica) para separar o hidrogénio da água, sem emissões associadas. Parece perfeito, certo? Só que ainda estamos longe de o conseguir fazer de forma barata, eficiente e em larga escala.
Como as renováveis são intermitentes, ou se pára a produção quando não há sol ou vento, ou volta-se ao método poluente.
E agora?
A boa notícia é que há investimento, há investigação e há vontade. A má é que, por enquanto, o hidrogénio continua a ser mais marketing do que realidade. Da forma como as coisas estão, é possível que exista um futuro para o hidrongénio na aviação, nos camiões, e nos navios. Mas… Nos carros? A não ser que as coisas mudem, é praticamente impossível.