O teu telemóvel sabe quando estás triste e muda o que te mostra

Já te aconteceu passares um dia inteiro a sentir-te em baixo e, de repente, o feed do Instagram começa a encher-se de vídeos calmos, frases sobre superação e músicas tristes que parecem adivinhar o teu humor? Pois bem não é coincidência. Os algoritmos do teu telemóvel estão a tornar-se tão sofisticados que já conseguem perceber quando estás triste, cansado ou ansioso. E o mais assustador é o que fazem com essa informação.

Ele não precisa de ouvir-te para te conhecer

Não é preciso o microfone estar ligado, basta a forma como usas o ecrã. As grandes empresas de tecnologia, como a Meta, Google ou ByteDance (dona do TikTok), investiram milhões em sistemas que analisam padrões de toque, velocidade de scroll, pressão dos dedos e tempo de visualização.

dormir smartphone

Por exemplo:

  • Quando estás triste, lês mais devagar.
  • Quando estás nervoso, tocas no ecrã mais vezes e sem ritmo.
  • Quando estás apático, ficas a ver vídeos sem interagir.

Esses pequenos gestos, quase invisíveis, são o suficiente para o algoritmo “entender” o teu estado emocional.

E sim, ele reage.

O feed adapta-se ao teu humor

Se o sistema percebe que estás em baixo, pode começar a mostrar-te conteúdos mais calmos ou emocionais, porque sabe que isso te mantém preso à aplicação. É o mesmo motivo pelo qual, quando estás animado, o feed parece cheio de vídeos engraçados, música e energia.

O algoritmo não tem empatia, tem estratégia. Quer que fiques ali o máximo de tempo possível, e para isso usa o teu humor contra ti.

alerta: não leve o telemóvel para a mesa nas refeições!

“O objetivo não é confortar o utilizador, é retê-lo”, explicou um ex-engenheiro da TikTok à Forbes. “O sistema ajusta o conteúdo conforme o teu comportamento emocional.”

Como é que ele sabe que o teu humor mudou?

Além da forma como tocas e navegas, o telemóvel cruza dados com outros sinais:

  • Hora do dia: os momentos de tristeza digital costumam acontecer à noite.
  • Luminosidade ambiente: se estás no escuro, o sistema assume que estás a descansar ou a isolar-te.
  • Expressão facial (nas câmaras frontais): alguns apps testam discretamente sistemas que analisam microexpressões.
  • Palavras que escreves nas mensagens ou pesquisas.

Tudo é registado. E, somado, pinta um retrato emocional assustadoramente preciso.

O ciclo que te prende

O problema é que quanto mais tempo passas nas redes, mais dados lhes dás. E quanto mais dados, mais o teu telemóvel “te conhece”. É um ciclo viciante, invisível e quase impossível de quebrar.

Um estudo da Universidade de Stanford revelou que o algoritmo do TikTok acerta o estado emocional do utilizador em 78% dos casos, mesmo sem som nem câmara.

Ou seja: o teu telemóvel já sabe quando estás feliz, irritado, ou prestes a desistir de algo.

E ele não te consola ele adapta-se.

qual é a marca de smartphones com menos criatividade!?

Como proteger-te (pelo menos um pouco)

Entretanto não há forma de desligar totalmente esta vigilância emocional, mas há pequenas coisas que podes fazer:

Assim desativa o “histórico de atividades” nas apps.

Evita usar o telemóvel quando estás em baixo ele vai tentar prolongar esse estado.

Apaga cookies e histórico de pesquisa com regularidade.

Usa o modo de navegação privada ou, melhor ainda, faz pausas digitais reais.

O poder do teu telemóvel é impressionante mas o teu poder de o ignorar é ainda maior.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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