Todos os anos, as grandes marcas fazem promessas ambiciosas sobre a durabilidade dos seus novos smartphones. No entanto, muitos telemóveis de topo continuam a riscar-se ou a partir-se com a mesma facilidade que telemóveis bastante mais baratos. Afinal, porquê?
Telemóveis de topo não são mais resistentes que os baratos
Se está a gastar perto de mil euros num telemóvel, é natural querer algo que resista ao uso diário e que se mantenha com bom aspeto durante muito tempo. Em teoria, parte desse valor serve para garantir maior resistência. Mas será mesmo assim?
A realidade é que o vidro usado nos smartphones mais caros não é, na prática, muito diferente do aplicado em modelos de gama média. Existem até equipamentos bastante acessíveis que oferecem o mesmo tipo de proteção — por uma fração do preço.
O mesmo vidro em modelos com preços bem diferentes
Veja-se o exemplo do Samsung Galaxy A56, que custa cerca de 500 euros e utiliza Gorilla Glass Victus+ tanto na frente como na traseira. É o mesmo material usado no antigo topo de gama Galaxy S22 Ultra, que chegou a custar mais do dobro.
Isto acontece porque há uma relação de compromisso entre resistência a riscos e resistência a quebras. Tornar o vidro mais resistente a riscos implica aumentar a sua dureza. Mas isso normalmente reduz a sua flexibilidade, tornando-o mais frágil em quedas. E o contrário também se aplica.
Se fosse possível criar um vidro que fosse simultaneamente ultra resistente a riscos e a quebras, os telemóveis dobráveis não teriam tantas limitações. No entanto, continuam a ser criticados precisamente pela fragilidade do ecrã interno, feito de vidro ultrafino e plástico.
Resistência a quedas ou a riscos? É preciso escolher
A Corning, fabricante responsável pelo Gorilla Glass, privilegia a resistência a impactos em detrimento da resistência a riscos. A razão é simples: uma fissura ou quebra pode inutilizar o equipamento, enquanto um risco não compromete necessariamente o seu funcionamento.
Este é o motivo pelo qual o vidro de smartphones premium continua a riscar-se facilmente nos testes de dureza, como os da escala de Mohs. Mesmo os topos de gama começam a mostrar riscos a partir do nível 6, com marcas mais profundas no nível 7.
Vale a pena pagar mais pela durabilidade?
Claro que os modelos topo de gama oferecem mais do que apenas resistência — têm melhores câmaras, desempenho superior, ecrãs de alta qualidade e funcionalidades extra. Mas se a durabilidade for o principal critério, talvez valha a pena repensar o investimento.
Em suma: gastar mais não garante automaticamente um telemóvel mais robusto. E se não quiser correr riscos, talvez o melhor mesmo seja investir numa boa capa e protetor de ecrã — independentemente do modelo que escolher.