Sadfishing: uma tendĂȘncia muito perigosa nas redes sociais

As contas online sĂŁo mais do que apenas locais onde se partilham os melhores momentos da vida pessoal. É tambĂ©m o local onde se fala dos pontos mais baixos das emoçÔes. Embora nem todas essas partilhas sejam preocupantes, algumas sĂŁo sinais de comportamentos pouco saudĂĄveis nas redes sociais. É o caso do sadfishing, um termo criado por uma jornalista chamada Rebecca Reid em 2019, em resposta a uma publicação da modelo e personalidade mediĂĄtica Kendall Jenner. Seja como for em todo o mundo o sadfishing tornou-se um fenĂłmeno de saĂșde mental que tem intrigado os especialistas. Em termos muito simples, refere-se a publicaçÔes, histĂłrias ou vĂ­deos nas redes sociais que sĂŁo partilhados para suscitar a simpatia dos espectadores.

A partilha excessiva nas redes sociais pode expÎ-lo ao ridículo e a comportamentos predatórios online, por exemplo. No entanto, antes de entrarmos nesse assunto, é importante compreender porque é que alguém pode estar a praticar sadfishing.

Quais as motivaçÔes?

Um estudo de 2023 observou quatro explicaçÔes principais por trås do sadfishing: ansiedade, depressão, comportamento de busca de atenção e uma perceção de falta de apoio social. Jå um estudo de 2024 publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking associou a negação, a procura de atenção e o facto de estar intoxicado no momento da publicação como fatores de previsão do sadfishing.

Sadfishing

PreocupaçÔes com a saĂșde mental, como ansiedade e depressĂŁo, podem fazer com que as pessoas se sintam desconectadas e sozinhas. Dito isto, o sadfishing pode ser uma forma das pessoas partilharem a forma como se estĂŁo a sentir. Mas tambĂ©m pode ser uma forma manipuladora de procurar atenção para ganho pessoal.

Por que o sadfishing Ă© perigoso?

Numa Ă©poca em que se fala mais do que nunca de saĂșde mental online, pode ser difĂ­cil ignorar o sadfishing. Isto mesmo quando a intenção por detrĂĄs dele estĂĄ ligada ao exagero ou Ă  manipulação. Se der por si a comentar este tipo de publicaçÔes ou a contactar alguĂ©m que pratica sadfishing regularmente, pode acabar por se sentir esgotado e atĂ© enganado. Existem, no entanto, algumas formas recomendadas por especialistas para responder ao sadfishing nas redes sociais.

Embora seja importante manter a mente aberta para a possibilidade de a pessoa por detrĂĄs das publicaçÔes estar realmente a enfrentar uma emergĂȘncia de saĂșde mental, certas pistas como a consistĂȘncia das publicaçÔes, a existĂȘncia ou nĂŁo de contexto nas publicaçÔes (que conheça) com base em experiĂȘncias de vida ou comportamentos recentes e a saĂșde mental e fĂ­sica da pessoa em geral podem ser Ășteis para perceber se ela precisa realmente da sua ajuda

É aqui que pais, cuidadores, amigos e familiares bem-intencionados podem intervir. Se notar que um ente querido estĂĄ constantemente a publicar coisas online que parecem ser um pedido de ajuda, diga-lhe que estĂĄ lĂĄ para ele na vida real. Sentir-se visto e ouvido pode ser muito Ăștil. Encaminhar a pessoa para o conselheiro escolar ou para um terapeuta tambĂ©m pode ajudar. Trabalhar com um profissional de saĂșde mental pode ajudĂĄ-lo a descobrir coisas sobre si prĂłprio, como o seu estilo de vinculação, por que razĂŁo se envolve em sadfishing e como pode formar ligaçÔes saudĂĄveis na vida real.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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