Para o mais comum dos Portugueses, é perfeitamente normal ver filmes no Stremio, ou ver um qualquer jogo de futebol num site cheio de anúncios, ou através de um serviço de IPTV ilegal, seja este pago ou não. Mas, a realidade é que o nosso mercado não está alinhado com a realidade daquilo que um Português ganha.
É exatamente por isso que quando as operadoras, e outro organismos, vêm a público falar sobre pirataria, a coisa cai quase sempre mal nos ouvidos dos Portugueses.
Pirataria em Portugal: queremos mudar ou está “justo” assim?
Portanto, segundo Pedro Mota Soares, que é o secretário-geral da Apitrel, cerca de 288 mil lares Portugueses acedem todos os meses a serviços digitais e audiovisuais de forma ilegal. O que muito honestamente até me parece ser um número longe da realidade. Acredito que a pirataria chega a níveis muito mais altos que este.
QUem é a Apritel? Resumidamente é a Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas em Portugal.
Representa assim as principais empresas de telecomunicações que atuam em Portugal (como a MEO, a NOS, a Vodafone, entre outras).
Existe uma perda significativa de dinheiro com a pirataria?
Claro que sim. Porém, os valores que são atirados cá para fora (250 milhões de prejuízo) estão muito longe da realidade. Primeiro, porque acredito que existem muito mais de 200 mil lares a participar ativamente em pirataria de conteúdo online. Em segundo lugar, porque este tipo de declaração assume que estes utilizadores iriam todos pagar o preço dos serviços legais de streaming ou de acesso a outro tipo conteúdo. Isso é uma falácia.
Por exemplo, se quiser ver os jogos todos do Benfica, Sporting ou Porto, vai gastar mais de 500€ por ano. A isto, tem de acrescenter o Spotify, a Netflix, a Prime, etc… Tudo junto, estamos a falar de milhares de euros anuais. Não faz sentido.
Os Portugueses, na sua grande maioria, são “piratas” porque está completamente fora de questão pagar o valor dos serviços legais. Sim, existem sempre aquelas pessoas que preferem 0€ a 5€, 10€, 20€, etc… Mas, também conheço muitos casos em que a partir de um valor justo, não teriam qualquer problema em pagar o serviço todos os meses.
Em suma, para muitos, a pirataria não é uma escolha leviana. É uma questão de acesso. Uma questão de poder de compra real.
Por isso, quando se lê notícias a afirmar que as operadoras e outras empresas querem regular ainda mais o acesso, para meter um travão na pirataria… Fica a questão? Será que são apenas os consumidores mal na pintura? Ou a questão é um pouco mais complexa?