Quando pensamos em perigos dentro de casa, lembramo-nos logo de gás, eletricidade ou mesmo de água no chão. Mas há um aparelho discreto, usado diariamente por milhões de famílias, que pode estar a libertar algo invisível, silencioso e muito mais preocupante: radiação. Sim, estou a falar do micro-ondas que tens na cozinha e que provavelmente usaste ainda hoje, mas onde entra a radiação.
Afinal, como funciona um micro-ondas?
Este eletrodoméstico aquece a comida através de ondas eletromagnéticas. Essas ondas fazem vibrar as moléculas de água nos alimentos, gerando calor rapidamente. É por isso que um prato de sopa aquece em minutos. O problema é que, ao longo dos anos, começaram a surgir dúvidas: será que estas ondas ficam “presas” nos alimentos? E pior: será que escapam para a cozinha?
A resposta curta é: não deviam. Mas o “não deviam” não significa que não aconteça.
Onde entra a radiação do micro-ondas?
Os micro-ondas modernos têm uma estrutura metálica e uma porta com rede protetora que serve precisamente para conter a radiação dentro do aparelho. Essa rede tem buracos microscópicos, demasiado pequenos para deixar sair as ondas eletromagnéticas. Em teoria, estás seguro.
O problema é que, com o uso diário, pequenas falhas podem acontecer:
- Portas que já não fecham bem.
- Rachaduras no vidro.
- Vedantes gastos pelo tempo.
- Ferrugem no interior.
Tudo isto pode permitir a fuga de radiação em níveis baixos, mas suficientes para levantar preocupações.
Quais são os riscos para a saúde?
A Organização Mundial da Saúde garante que usar micro-ondas corretamente é seguro. Mas há especialistas que alertam: se houver fuga, a radiação pode causar dores de cabeça, insónia, zumbidos nos ouvidos e até acelerar o envelhecimento de células a longo prazo. Não é algo que vás sentir logo, mas um risco cumulativo, quase invisível.
Além disso, existe outro problema: aquecimento desigual dos alimentos. Já reparaste que às vezes a comida sai a ferver por fora mas fria no centro? Isso não só pode estragar nutrientes, como aumenta o risco de bactérias sobreviverem em comida mal aquecida — um perigo real para a tua saúde.
Como saber se o teu micro-ondas está a libertar radiação?
Há um teste caseiro que muita gente faz: colocar o telemóvel dentro do micro-ondas (desligado, claro!) e tentar ligar-lhe. Se o telemóvel tocar, significa que a proteção não está a ser eficaz. Mas atenção: este teste pode não ser 100% fiável.
O que deves fazer é:
- Verificar regularmente a porta e o fecho.
- Garantir que não há ferrugem ou rachaduras.
- Substituir o aparelho se já tem muitos anos (mais de 8/10 anos).
- Nunca usar o micro-ondas com a porta empenada.
Há alimentos que não deviam ir ao micro-ondas
Outro detalhe importante: certos recipientes e alimentos podem libertar substâncias tóxicas quando aquecidos.
Plásticos: mesmo os que dizem ser “seguros”, podem largar químicos nocivos.
Alumínio ou metais: risco de faíscas e incêndios.
Ovos com casca: podem explodir dentro do aparelho.
Comida processada: alguns aditivos reagem mal ao aquecimento rápido.
Então, devemos deixar de usar o micro-ondas?
Não necessariamente. A verdade é que este aparelho tornou-se essencial para a vida moderna. Mas há cuidados que podem fazer toda a diferença:
- Usa recipientes de vidro ou cerâmica.
- Mexe a comida a meio do aquecimento para evitar zonas frias.
- Não abuses: usa o micro-ondas para aquecer, não para cozinhar tudo.
- Faz uma manutenção simples e não ignores sinais de desgaste.
O micro-ondas não é um “monstro radioativo” pronto a encher a tua casa de perigo, mas também não é o aparelho inofensivo que muitos pensam. Tal como acontece com o gás ou a eletricidade, é uma questão de risco controlado: funciona bem quando está em boas condições, mas pode tornar-se perigoso se o negligenciares.
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