Se estás a ver, ou a rever, a temporada final de Stranger Things, há uma coisa que convém saber antes de carregar no play. A tua TV, muito provavelmente, está a estragar a imagem.
Não é uma opinião minha. É do próprio Ross Duffer, um dos criadores da série.
Vais ver Stranger Things? Então desliga já estas opções da tua TV
Portanto, há uma série de definições que vêm ligadas de fábrica e que destroem por completo a intenção visual da série. E de facto não é só Stranger Things, são muitas outras séries e filmes. Neste caso, é cinema em formato série, com fotografia pensada ao detalhe.
Dito tudo isto, comecemos pelo mais importante de todos: o motion smoothing, também conhecido como TruMotion, MotionFlow, Auto Motion Plus e por aí fora.
É aquela opção que promete movimentos super suaves.
Mas, acaba por criar o famoso “efeito novela”, onde tudo parece demasiado real, artificial e estranho. Ou seja, as câmaras a deslizar ficam esquisitas, os atores parecem estar num estúdio barato e a tensão vai pela janela fora. Para Stranger Things, isto é para desligar sem pensar duas vezes. Aliás, se a tua TV for 120Hz, não precisas disto para nada.
Depois há o modo Vivid, ou Dinâmico.
Aquela opção que grita cores, brilho e contraste como se estivesses numa montra de loja. É ótima para chamar a atenção em superfícies comerciais. Mas, em casa, para uma série escura, atmosférica e cheia de sombras, é um desastre. Rebenta as cores e mata o detalhe nas zonas escuras. Se tiveres modo Cinema, Movie ou Filmmaker Mode, é aí que deves estar.
Outra opção que não faz falta nenhuma é a redução de ruído.
Isto fazia sentido há muitos anos, com sinais fracos ou DVDs manhosos. Num stream moderno da Netflix, só serve para suavizar a imagem, apagar textura e tirar detalhe onde ele é mais importante. Monstros, maquilhagem, cenários e efeitos práticos perdem impacto. Desliga.
O mesmo se aplica a truques como contraste dinâmico, super resolução, edge enhancement e filtros de cor.
O contraste dinâmico anda constantemente a mexer no brilho da imagem e acaba por esconder detalhe precisamente nas cenas mais escuras, que Stranger Things usa o tempo todo. A super resolução tenta “inventar” detalhe onde ele não existe, mas numa fonte 4K acaba só por estragar. O edge enhancement cria contornos artificiais e halos estranhos à volta dos objetos.
Menos é mais!
Quanto menos a TV tentar ser “smart”, melhor vai ficar a imagem. Desliga tudo o que promete melhorar artificialmente a imagem e deixa o painel mostrar o que foi gravado. Stranger Things foi filmada, colorida e masterizada com uma intenção clara.
