Entre os inúmeros obstáculos de enviar humanos até Marte, há um inimigo invisível mas potencialmente problemático: o pó. A superfície de Marte está coberta por um material fino chamado regolito, e os cientistas estão atentos aos riscos que esse pó pode representar para a saúde dos futuros astronautas.
O inimigo invisível em Marte que pode ameaçar os astronautas
Este cenário, claro, parte do princípio de que se consegue levar uma tripulação a Marte — num foguete suficientemente potente, durante uma viagem que dura vários meses —, aterrando em segurança, montando abrigo e garantindo acesso a comida e água. E depois, repetir o processo em sentido inverso para regressar à Terra. No meio de tudo isto, os astronautas terão de passar algum tempo no solo marciano, o que inevitavelmente implica contacto com este pó.
Por que razão o pó de Marte pode ser perigoso
Nas missões Apollo à Lua, os astronautas enfrentaram sérios problemas com o pó lunar. Este causava irritação nos olhos e garganta e, posteriormente, verificou-se que era potencialmente tóxico. Além disso, colava-se a tudo: fatos espaciais, equipamentos, instrumentos. A razão? A Lua não tem atmosfera. Assim as partículas não se desgastam. Ou seja, mantêm-se afiadas, como pequenas lâminas de vidro, prejudicando tanto a tecnologia como a saúde.
Em Marte, a situação é diferente. Existe uma atmosfera, embora fina, que tende a suavizar essas partículas. Ainda assim, o problema é a quantidade: há muito pó, e este pode ser facilmente levantado por tempestades que envolvem todo o planeta. Quando isso acontece, o pó assenta por todo o lado — desde painéis solares a veículos, habitats e fatos espaciais.
A acumulação constante e a exposição frequente obrigam os especialistas a estudar bem as características do regolito, para perceberem quais os riscos reais e como minimizá-los.
Os riscos para a saúde dos astronautas em Marte
O pó marciano pode ter efeitos semelhantes aos observados em ambientes industriais na Terra, como nas minas, onde a inalação de partículas finas pode causar doenças respiratórias graves. O tamanho das partículas de pó em Marte é extremamente reduzido — por volta dos 3 micrómetros — o que dificulta a sua expulsão pelos mecanismos naturais dos pulmões. Isso significa que uma parte do pó inalado pode permanecer no organismo e até entrar na corrente sanguínea.
Para agravar a situação, o regolito de Marte contém substâncias químicas como percloratos, que são conhecidos por serem perigosos e até cancerígenos. Na Terra, esses compostos estão presentes em pequenas quantidades. No entanto em Marte acredita-se que existam em concentrações mais elevadas, com potencial para afetar os pulmões e outros órgãos.
Como o apoio médico em Marte será extremamente limitado, qualquer problema de saúde terá de ser evitado ao máximo. Por isso, os especialistas sugerem que as futuras missões apostem em estratégias de prevenção: limitar a exposição ao pó e fornecer suplementos que ajudem o organismo a lidar com os seus efeitos nocivos.
A importância de prevenir
A solução mais eficaz parece ser a prevenção. Evitar o contacto com o pó sempre que possível. Também desenvolver fatos e habitats mais resistentes à sua penetração e adotar rotinas de limpeza e proteção cuidadosas serão essenciais para garantir a segurança dos astronautas.
Apesar de o pó não ser o maior dos desafios numa missão a Marte, é claramente um risco real e que pode ser mitigado com a tecnologia e planeamento certos. Investir nessa prevenção pode fazer toda a diferença na segurança e no sucesso das missões interplanetárias.