Podia começar este artigo por dizer que este MX-30 é um dos piores carros que conduzi desde que comecei esta vida dos ensaios dentro do mundo automóvel. Mas isso seria injusto. O MX-30 R-EV não é um mau carro!
É apenas uma coisa estranha, focada para uma franja muito pequena da população que quer um carro eletrificado, mas que não quer lidar com as desvantagens desse tipo de veículo.
Vamos por partes?
(Ensaio) Mazda MX-30 R-EV: Carro mais estranho que conduzi!
Portanto, a Mazda é uma fabricante que produz carros realmente muito interessantes, como é o caso do sempre icónico MX-5, e é também o caso do CX-5, Mazda 2, Mazda 3, entre outros modelos.
Mas, este MX-30 é apenas e só estranho, porque apesar de até ser um automóvel bonito, tem demasiados compromissos para chegar a um grande número de potenciais interessados.
É um lançamento que não faz muito sentido!
Que carro é este?
O MX-30 é um carro elétrico com uma autonomia muito pequena (60~70 quilómetros), que depois tem a ajuda de um ReX, ou seja, um gerador a gasolina que está constantemente a meter mais energia na bateria. Ou seja, é um carro elétrico, que ao mesmo tempo também é um carro a gasolina.
Assim, a ideia passa por servir como um Híbrido Plug-In, que pode andar de forma 100% elétrica, e até pode ser carregado em casa como qualquer outro carro deste tipo. Porém, não pode andar apenas a gasolina. O combustível só serve para dar vida ao gerador, que por sua vez vai recarregar a bateria.
É uma tecnologia que fez sentido há alguns anos atrás quando a autonomia dos carros elétricos mal chegava aos 200 quilómetros, mas que agora é, e sente-se, como algo extremamente estranho.
Ainda assim, este MX-30 tem algumas especificidades interessantes!
Afinal, além de continuar a ser um carro bonito, que se conduz muito bem, é também um automóvel que traz para cima o velho mas sempre icónico motor rotativo Wankel. Porquê este regresso? Simples! Oferece um bom nível de performance, e é extremamente compacto.
Neste caso específico, estamos a falar de um motor de 830cc, feito de alumínio em vez de ferro, o que por sua vez resulta em algo mais compacto e mais leve. Também está muito mais resistente, graças a um novo acabamento nas partes que tinham maior desgaste nas versões anteriores. Este motor é capaz de oferecer 75 cavalos de potência.
Como é que o motor funciona num carro que é, no fundo, um automóvel 100% elétrico?
Este motor nunca dá a sua energia às rodas. Apenas vai dar energia a uma bateria de 17.8kWh, que por sua vez vai dar vida a um outro motor elétrico com cerca de 170 cavalos de potência.
É assim que funcionam os motores ReX, que fizeram sucesso no velhinho i3 da BMW, mas que agora estão mais ou menos encostados por estarem obsoletos. Na realidade, a Mazda ressuscitou 2 tecnologias com este MX-30, o motor Wankel, e o gerador ReX. Porquê? Bem, quem sabe!?
Como é a condução?
De facto, não é má. A parte elétrica é como qualquer outro carro elétrico. O carro rola muito bem e é até bastante eficiente para a complicação que vai para debaixo do capô.
Entretanto, em termos de autonomia, temos cerca de 60~70 quilómetros na bateria, e mais cerca de 500~600 quilómetros em gasolina graças ao depósito de 50 litros. O que é mais ou menos normal para um carro a combustão, mas… Parece insuficiente para aquilo que deveria ser um elétrico diferenciado.
Em termos de andar a sério, temos uma aceleração até aos 100 km/h à volta dos 9 segundos, com uma velocidade máxima limitada aos 140~150 km/h.
Faz sentido para quem?
Este tipo de automóvel apenas faz sentido para quem anda pouco por dia, e como tal consegue tirar partido da componente 100% elétrica. Mas que, de vez em quando, precisa de fazer viagens maiores e não está para se chatear com carregamentos e limitações das baterias.
Ou seja, é parecido a um qualquer híbrido plug-in. Porém, ao contrário de um sistema plug-in, que tem de gerir duas motorizações, aqui temos um “casamento” mais harmonioso, e como tal, vai sentir uma condução mais consistente e suave.
O problema do carro nem é a motorização, é a falta de espaço!
Ter dois motores, uma bateria, e um depósito de 50 litros implica que o espaço acaba por ser escasso para tudo, e por norma, é quem anda dentro do automóvel que sofre. Especialmente quando se fala dos passageiros que vão lá atrás.
Este é um automóvel muito ao tipo coupé, e como tal, não é grande ideia adquirir algo deste tipo para levar pessoas adultas. Crianças não há grandes problemas, mas levar “matulões” de 1m80 como eu fiz, vai tornar-se complicado, especiamente quando é para entrar e sair.
Além disto, existe um outro problema. Porque temos portas “suicida”. Ou seja, a porta dos passageiros só vai abrir se porventura abrir a porta do condutor ou do pendura. O que é chato quando existe um grande entre e sai, e é ainda mais chato se porventura estiver mau tempo.
Para acrescentar a tudo isto… Temos ainda uma bagageira pequena.
Vale a pena?
O MX-30 “normal” já é um elétrico estranho, por ter uma autonomia fraca. Por isso, para quem realmente quiser este carro, a versão REV vai parecer interessante.
Dito isto, é um carro menos limitativo, porém, está longe de ser perfeito! Especialmente em 2024 em que temos tantas e boas alternativas no mercado, que até podem ser um pouco mais caras, mas são inegavelmente mais práticas e menos complicadas.
Eu diria que não. É um carro que até tem a sua piada, mas tem demasiados compromissos para ser um sucesso. Honestamente não percebo o objetivo de lançar e comercializar este automóvel, especialmente num mercado tão pequeno como o nosso.
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