Durante anos, fomos bombardeados com promessas: carros elétricos acessíveis, incentivos para quem mudasse, carregamentos baratos e manutenção quase inexistente. Mas chegados a 2025, a adoção ainda está muito aquém do esperado.
Aliás, dúvidas houvesse, até a própria União Europeia já começou a recuar no seu plano de morte anunciada para os motores a combustão. Porquê? Porque a transição não está a acontecer como muitos previam. Especialmente em países como Portugal.
Carros elétricos continuam caros demais para o português médio?
O carro elétrico é sem dúvida alguma uma solução interessante, talvez não para todos os condutores, mas é um caminho que tem vindo a ser percorrido com algum sucesso. Porém, fica a ideia de que os planos não correram tão bem como o planeado.
Aliás, quando olhamos para os carros que deviam marcar essa viragem, percebemos que o discurso ficou muito à frente da realidade.
Por exemplo, o Renault 5 é um 100% elétrico incrível, que vai muito provavelmente servir como o primeiro carro elétrico de muitos condutores que têm estado no “vai/não vai”. Mas nem essa proposta cumpriu algumas das promessas.
O Renault 5 foi prometido como um automóvel de 25 mil euros, mas chegou, na sua forma mais básica (bateria mais pequena e menos equipamento) a 27 mil euros. Se quiseres a versão com bateria maior, e com um equipamento mais condizente com o automóvel, a conta sobe para 33 mil euros. Não estamos a falar de luxo, estamos a falar de um carro do segmento B.
Outro exemplo? O tão aguardado BYD Dolphin Mini, agora chamado Dolphin Surf, apareceu em vários mercados à volta dos 12 mil euros. Em Portugal? Começa nos 21 ou 22 mil euros.
Um valor que nem é exagerado para a qualidade do carro, que como é normal na BYD, compete muito bem nos equipamentos e performance. Porém, mas para muitos portugueses, esse valor ainda está longe daquilo que consideram acessível para um segundo carro, ou para uma família que simplesmente precisa de mobilidade urbana sem comprometer o orçamento.
A realidade portuguesa é dura: rendimentos baixos, impostos altos e poucos incentivos reais!
Portugal continua a ser um país com salários médios baixos e com uma carga fiscal enorme sobre o setor automóvel. Isto não acontece apenas nos elétricos, acontece também no lado dos carros a combustão. Aliás, há alguns dias publicámos uma peça a referenciar um novo motor mais poderoso e mais eficiente, que claro está, paga (muito) mais imposto. Não faz sentido!
Ainda voltando à parte da eletrificação, o custo da eletricidade disparou, tornando os carregamentos públicos pouco apelativos quando comparados com o preço por litro de combustível tradicional. E os carregamentos rápidos? Continuam caros e com redes ainda pouco fiáveis, sobretudo fora das grandes cidades.
O que falta afinal?
Falta um verdadeiro choque de realidade no mercado. Um elétrico abaixo dos 20 mil euros, com autonomia decente e carregamento rápido. Falta mais apoio direto à aquisição, menos impostos e, sobretudo, uma rede de carregamento estável e económica.
Enquanto isso não acontecer, vamos continuar a ver muitos anúncios, muitas promessas e… poucos carros elétricos a circular. A vontade pode até existir, mas os números não mentem: o carro elétrico ainda não é para todos.