Recentemente passámos uns dias com a EOS 200d que nos foi enviada para teste pela Canon Portugal. É uma máquina que intriga pois parece estar a meio caminho entre vários mundos. Mas será esta máquina de gama de entrada ideal para um iniciante, um vlogger ou um viajante?
Entre uma DSLR e uma Mirrorless no tamanho
Uma das coisas que por vezes impede os amantes de fotografia de andar todos os dias com uma camera a sério é o peso. Uma boa DSLR é algo pesado, especialmente depois de acoplada uma lente com zoom.
A revolução das mirror less abanou o mercado por esse mesmo facto. São mais leves, inclusive nas lentes e ao perderem todo o mecanismo tradicional de espelhos, tornam a vida mais fácil para as costas dos fotógrafos.
No entanto existem ainda alguns senãos. Para a maioria dos modelos a existência de um ViewFinder é algo difícilde encontrar e para as que as têm os preços disparam. É aqui que surge a EOS-200d.
As suas irmãs concorrentes
É para se colocar entre todos estes segmentos que surge a EOS-200d da Canon. Uma das DSLR’s mais leves do mercado, com um bom sensor APS-C, surge a um preço base a rondar os 700 euros, já em kit com lente. No entanto facilmente se consegue a mesma numa promoção regular numa loja de grande superfície por pouco mais de 500€.
Tudo isto numa máquina que estará para rivalizar em peso e tamanho com a M5 da Canon, uma mirror less de enorme qualidade, mas com um preço pelo menos 300 euros superior. Isto mantendo as duas o view finder, no caso da EOS-200d óptico, no caso da M5 um electrónico.
Além disso graças a este modo óptico, a EOS-200d consegue disparar cerca de o dobro das fotografias com a mesma carga de bateria. Em paralelo o fotógrafo tem à sua escolha as lentes EF/EF-S da Canon, que em relação às EF-M usadas pela M5 são mais e mais baratas. Claro que podemos usar um adaptador na M5, e as lentes que vão surgindo para esta são leves e boas, mas ainda consideravelmente mais caras.
Se quisermos ver outra sua concorrente, dentro da gama Canon, poderemos ir para uma EOS-77d, que também já testámos e é excelente. Mas é mais pesada, custa pelo menos mais 200 euros e trás como grande vantagem apenas a quantidade muito superior de pontos de auto foco. Para quem for focar maioritariamente em formato manual a escolha pela mais leve e barata poderá ser óbvia.
Um bom foco e bom detalhe
Abrir a máquina. Colocar a lente de base do kit no corpo, pegar numa peça engraçada que se tenha por casa, e fazer um primeiro disparo em boas condições de luz.
Modo automático, apenas a lente em modo de foco manual. Logo surge a pergunta no bom LCD articulado sobre se quero desfocar o fundo ou não. Escolho que sim, coloco o ecrã aberto para me facilitar o foco, e sai a imagem acima.Sem grande trabalho, sem conhecer bem a máquina.
Apenas dizer que queria desfocar o fundo, e acertar o ponto de foco girando o anel da lente. Parece fácil demais certo? Foi sempre a sensação que tive em quinze dias com esta máquina. Tudo parece sempre simples e focado.
Uma máquina vocacionada para viajar
Esta máquina, pelas dimensões que tem, e pela forma clara de trabalhar, dá vontade de ir para a rua e simplesmente fotografar. Modos automáticos a ir trocando ocasionalmente por algo mais detalhado, mas sempre sem grande complicação.
Ver um marco interessante, apontar, disparar.
Ver uma estátua conhecida, reparar no Castelo que se vê ao fundo, enquadrar para tentar apanhar os dois, sobressaindo o primeiro, e disparar.
Olhar para o rio, ver algo engraçado, e cheio de detalhes, simplesmente disparar.
Levantar a cabeça para ver o Rio, ver ao longe um barco, ajustar o zoom, e voltar a disparar.
Sentar numa esplanada, abrir a máquina para ver as fotos que se iam tirando, e notar um contraste giro entre o senhor da frente a beber a sua cerveja e as pessoas que passavam. Discretamente ajustar algumas configurações na máquina, e dispara sem ninguém dar por nada.
Uma máquina que permite tirar boas fotos, sem ocupar nem demasiado tempo nem demasiado peso e que permite variar entre controlo e muito automatismo quando assim o queremos? Claramente, e com uma focagem automática que parecia o ponto fraco no papel a revelar-se extremamente competente.
Todas estas fotos, aliás tal como todas, não têm qualquer tipo de edição, fora o ocasional corte.
Uma câmara também para os vloggers
Hoje em dia um mercado em ascenção pertence aos produtores independentes de video na Internet, os chamados vloggers. Muitas vezes procuram câmaras boas, rápidas e com preços aceitáveis.
Esta acaba por ser uma excelente opção para isso mesmo. Com o ecrã rotativo, o vlogger pode ver constantemente o seu enquadramento. O foco automático comporta-se de força bastante decente em toda a gravação. E para melhorar ainda mais quem faz emissões a partir de casa nada como colocar o foco em manual, e atingir o resultado perfeito em todo a sua gravação.
Desafiar um pouco mais a máquina
Existem situações onde normalmente as câmaras tendem a baralhar-se um pouco. É aqui muitas vezes se separa o trigo do joio, e que se percebe que afinal os smartphones ainda não são os reis, nem serão tão cedo.
Um disparo que normalmente confunde algumas cameras de menor qualidade é situações com muitos detalhes, em cores contrastantes. Imaginemos então folhas outonais. Secas, e castanho bem definidos. Sobre relva, verde, e com detalhes do solo em castanho e cinza. O resultado.
Desafiante, mas nada como obrigar a máquina a conseguir, em automático, focar bem algo à frente, mas ao mesmo tempo manter a naturalidade das cores atrás, mesmo que com o desfoque pretendido. Isto é claro, quando se fotografa de baixo para cima colocando a máquina parcialmente a apontar para a luz.
Outro desafio ainda maior para o foco automático são os alvos em movimento. Uma gaivota a andar perto de uma rebentação de água é algo que tende a obrigar a câmara a trabalhar para ganhar o dia.
Mas se há algo que ainda é um maior desafio, e onde claramente as câmaras tradicionais continuam com grande vantagem, é quando as obrigamos a enfrentar olhos nos olhos a fonte de luz.
E que tal apontar directamente para o sol em Lisboa?
A capacidade criativa aliada à edição
A EOS 200D é leve, tem inúmeras maneiras de fotografar automáticamente, ou semi-automaticamente, mas também permite ter um bom controlo. Como qualquer boa camera permite fotografar em RAW para permitir depois algum tratamento de imagem. Como é comum em muitos equipamentos da linha Canon esta máquina permite fazer um disparo com gravação dupla, em RAW e num JPG.
Juntando tudo isto temos a permissão para se quisermos ir um pouco mais longe no fim do dia dar alguns retoques nas cores e níveis, permitindo chegar a resultados engraçados.
Conclusão
Uma máquina que vem rotulada como sendo uma alternativa leve, mais barata, para a gama altas das APS-C da Canon e já bem acima das máquinas para principiantes. No entanto durante todo o tempo que estive com ela acabei por me lembrar muito poucas vezes das suas limitações de auto-foco teóricas, e fiquei sempre fascinado com a quantidade de controlo que conseguia sobre ela de uma forma quase automática.
Uma excelente máquina para esta gama de preço, e claramente uma boa prenda de Natal para quem conhecerem que queira dar o salto em frente em termos de fotografia.
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