Muito se fala da neutralidade carbónica, de forma a conseguir salvar o futuro deste planeta. Isto é verdade em todas as indústria, mas podemos dizer que é um pouco mais importante no lado dos automóveis. Isto porque, as emissões são um problema grave, tanto na produção de um automóvel, como em todas as outras etapas do seu ciclo de vida.
Sendo exatamente por isso que o Renault Embleme é um projeto interessante por parte da fabricante Francesa de automóveis. Ao ser, no fundo, uma espécie de laboratório daquilo que poderá ser o carro do futuro.
Mas… O que significa tudo isto?
(Automóveis) Neutralidade Carbónica: o que é?
Portanto, a neutralidade carbónica no setor automóvel significa que, ao longo de todo o ciclo de vida de um veículo — desde a sua produção até ao fim de vida — as emissões de carbono (CO₂) associadas sejam reduzidas ao mínimo e, idealmente, compensadas a 100%.
Ou seja, o objetivo é que o saldo final de emissões seja zero.
Na prática, isto é complicado porque implica mudanças radicais em várias frentes:
- Motores mais limpos (e, preferencialmente, elétricos);
- Fábricas sustentáveis, alimentadas por energia renovável;
- Materiais recicláveis e menos poluentes;
- E até formas de compensação ambiental, como reflorestação ou créditos de carbono.
A pressão europeia!
A União Europeia tem sido das mais agressivas nesta transição. Aliás, podemos até dizer que o mercado automóvel tem estado em maus lençóis, devido à pressa que a UE anda a tentar incutir às fabricantes.
Os carros elétricos são importantes, claro, e podem até ter muita coisa a dizer no presente e no futuro da mobilidade. Mas, é possível que não sejam a solução para tudo e todos, como já deverá ter percebido pelas muitas dificuldades que estes veículos trazem, e vão continuar a trazer para o mercado.
Aliás, a realidade é que apesar de serem o foco de todas as fabricantes atuais, a procura por carros elétricos ainda não está onde deveria estar.
Qual é a o problema? Simples! A UE quer acabar com a venda de carros com motor a combustão a partir de 2035. Isto para forçar a indústria a investir fortemente em soluções elétricas e de hidrogénio, numa corrida para cumprir as metas do Acordo de Paris e do Pacto Ecológico Europeu.
O problema é que as metas estão a avançar mais depressa do que a realidade.
As dificuldades das fabricantes
Há vários entraves que tornam esta corrida bem mais difícil do que parece:
- Custo dos elétricos: Ainda são caros de produzir e comprar. Mesmo com incentivos, continuam longe do alcance de muita gente. Especialmente dos Portugueses.
- Infraestrutura de carregamento: Ainda está longe de ser suficiente. Em países como Portugal, basta sair dos grandes centros para perceber isso.
- Carregar em casa? Como?: Não tem garagem? Carregar fora de casa é caro!
- Cadeia de produção: A extração de lítio, cobalto e outros materiais essenciais às baterias levanta questões ambientais, éticas e geopolíticas.
- Mercados não alinhados: Enquanto a Europa puxa para a frente, os EUA avançam aos soluços e a China aposta fortemente, porém com métodos próprios.
E então… qual é o caminho?
Há três frentes possíveis que podem coexistir, pelo menos nesta fase de transição:
- Eletrificação total
O caminho mais direto. Apostar em elétricos a 100%, com baterias melhores, carregamento mais rápido e uma rede mais robusta. Tesla, BYD, Polestar e até a Hyundai estão a apostar tudo nisto. - Híbridos e combustíveis sintéticos
Algumas marcas, como a Toyota, defendem uma abordagem mais gradual. Os híbridos e os e-fuels (combustíveis sintéticos que não emitem CO₂ adicional) podem servir como ponte até à eletrificação total. A Porsche, por exemplo, está a investir muito nos e-fuels. Curiosamente, a F1 já vai usar apenas este tipo de combustível a partir de 2026. - Hidrogénio
A alternativa menos explorada nos automóveis de passageiros, mas com potencial sobretudo em veículos pesados e longas distâncias. Ainda está em fase pouco viável para o grande público, mas não está fora da equação.
Em resumo
A neutralidade carbónica no setor automóvel é inevitável — mas está longe de ser simples.
A Europa quer correr, mas as marcas ainda estão a aquecer os joelhos. O futuro vai passar por elétricos, sim, mas também por soluções híbridas, combustíveis alternativos e, acima de tudo, tempo.
Isto porque, sem tempo para adaptar cadeias de produção, infraestruturas e mentalidades, o risco é criarmos mais desigualdade do que progresso.