Sabia que perder apenas 1% de sono profundo por ano pode aumentar significativamente o risco de demĂȘncia? Um estudo concluiu que adultos com mais de 60 anos apresentam 27% mais probabilidade de desenvolver demĂȘncia por cada 1% de perda anual deste tipo especĂfico de sono â tambĂ©m conhecido como sono de ondas lentas.
Perder 1% de sono profundo pode aumentar o risco de demĂȘncia
O sono de ondas lentas Ă© a terceira fase do ciclo de sono humano, que dura cerca de 90 minutos. Esta etapa prolonga-se normalmente entre 20 a 40 minutos. Considera-se a mais restauradora, uma vez que o ritmo cardĂaco e a atividade cerebral abrandam, e a pressĂŁo arterial desce. Ă neste estado que o corpo repara os mĂșsculos e os ossos. TambĂ©m fortalece o sistema imunitĂĄrio e prepara o cĂ©rebro para aprender e reter novas informaçÔes.
Curiosamente, outro estudo recente revelou que pessoas com alteraçÔes cerebrais associadas ao Alzheimer conseguiram melhores resultados em testes de memĂłria quando tinham maiores perĂodos de sono profundo.
A investigação foi conduzida por equipas da AustrĂĄlia, CanadĂĄ e Estados Unidos, com base em dados de 346 participantes do Framingham Heart Study â um estudo de longa duração que monitoriza a saĂșde de vĂĄrias geraçÔes. Os participantes realizaram dois estudos de sono entre 1995 e 2003, com cerca de cinco anos de intervalo, e nĂŁo tinham diagnĂłstico de demĂȘncia atĂ© Ă data do segundo estudo. Foram depois acompanhados atĂ© 2018.
Durante os 17 anos de acompanhamento, foram identificados 52 casos de demĂȘncia. Os investigadores observaram que o sono profundo tende a diminuir a partir dos 60 anos. Isto com uma redução mais acentuada entre os 75 e os 80 anos, estabilizando depois dessa idade. A anĂĄlise mostrou que, por cada ponto percentual de diminuição anual no sono de ondas lentas, o risco de demĂȘncia aumentava em 27%. Entretanto esse risco subia para 32% quando se tratava especificamente de doença de Alzheimer.
Outros fatores associados
Entretanto outros fatores associados a baixos nĂveis de sono profundo incluĂam doenças cardiovasculares, o uso de medicamentos que afetam o sono e a presença do gene APOE Δ4, ligado ao Alzheimer. Curiosamente, o estudo nĂŁo encontrou ligação direta entre a perda de volume cerebral (nomeadamente no hipocampo) e a diminuição do sono profundo, mas sim com a predisposição genĂ©tica.
Apesar das associaçÔes evidenciadas, os autores alertam que este tipo de estudo nĂŁo prova uma relação causal direta. Ou seja, ainda nĂŁo se sabe se Ă© a perda de sono profundo que causa demĂȘncia, ou se os primeiros sinais de demĂȘncia afetam o sono.
Enquanto a ciĂȘncia continua a investigar, uma coisa Ă© certa: dormir bem Ă© essencial para a saĂșde cerebral e geral, sobretudo em idades mais avançadas. E hĂĄ estratĂ©gias simples que pode adotar para melhorar a qualidade do sono profundo â algo que pode fazer toda a diferença no futuro.
Felizmente, hĂĄ formas simples de aumentar a quantidade e a qualidade do sono profundo
Manter uma rotina de sono regular (deitar-se e acordar sempre Ă mesma hora). TambĂ©m evitar ecrĂŁs e luz azul nas horas antes de dormir. Ă igualmente importante praticar exercĂcio fĂsico durante o dia. Deve tambĂ©m reduzir o consumo de cafeĂna apĂłs o meio da tarde sĂŁo estratĂ©gias que ajudam o corpo a entrar mais facilmente nas fases mais profundas do sono.
TĂ©cnicas de relaxamento, como a meditação ou a respiração profunda, tambĂ©m podem ser eficazes para induzir um sono mais restaurador. Dormir num ambiente silencioso, escuro e com uma temperatura confortĂĄvel Ă© outro fator-chave. Pequenas mudanças no estilo de vida podem, a longo prazo, trazer grandes benefĂcios para a saĂșde cerebral.