Tu usas um IBAN português e sentes-te seguro, certo? Errado. O falso sentido de segurança é o maior inimigo. Burlões usam contas intermédias (as tais “contas mulas”) para receber o teu dinheiro e escoá-lo para fora do país em segundos. Quando te apercebes do erro, a conta já está vazia e o teu dinheiro está a caminho de um paraíso fiscal. O teu objetivo é simples: confirmar que quem está do outro lado é real e se existe rasto rastreável. Assim cuidado a fazer transferências no Multibanco para um IBAN nacional.

Verifica isto antes de transferires dinheiro no Multibanco para um IBAN nacional

Antes de clicares em “Confirmar Transferência”, executa este checklist de 4 passos.

1. Confirma o Nome do Beneficiário (O Mismatch Fatal)

• A Tática: Quase todos os bancos online mostram o nome do titular da conta antes de finalizares a transferência. Lê-o.
• O Que Procurar: Se o nome que aparece não corresponde minimamente ao nome da pessoa ou empresa com quem estás a negociar, para imediatamente. Uma divergência óbvia é a bandeira vermelha mais fácil.
• O Rasto: Se o banco não mostra o nome, é um sinal de alerta adicional.

2. Faz uma Micro-Transferência (O Teste dos 0,01€)

• A Tática: Em vez de transferires o valor total, envia apenas 0,01 € (ou o mínimo que o teu banco permitir). Na descrição (referência), mete algo específico como: “PAGAMENTO 1 DE 2 — CONFIRMAR RECEÇÃO POR ESCRITO”.
• O Que Procurar: Pede à pessoa/empresa para te confirmar a receção por escrito (e-mail, WhatsApp, etc.), mencionando a referência que usaste.
• O Rasto: Isto não só confirma a conta como cria um registo e força o burlão a interagir de novo, o que muitos evitam.

3. Exige Referência MB ou NIF Associado (A Pista Legal)

• A Tática: Empresas sérias usam referências Multibanco, gateways de pagamento (Stripe, Paypal), ou soluções que associam a transação a um NIF/NIPC.
• O Que Procurar: Se estás a pagar a uma empresa, recusa um IBAN solto. Pede uma referência MB ou um link de pagamento online associado a uma entidade reconhecida. Estes métodos são muito mais rastreáveis e seguros.
• O Rasto: O IBAN solto é a forma de pagamento preferida dos burlões.

4. Pesquisa o Nome e Pede Provas Básicas (O Crivo Social)

• A Tática: Pede provas básicas de identidade (NIF de empresa/particular) e a morada do vendedor. Depois, faz uma pesquisa rápida.
• O Que Procurar: Pesquisa o IBAN, o nome, o contacto e o NIF em plataformas de queixas (Trustpilot, Portal da Queixa, ou até uma pesquisa simples no Google).
• O Rasto: A falta de transparência (“não dou o meu NIF”, “está com muita pressa”) é um sinal claro para recusar o negócio.

Compras este particulares sem dramas

Se estiveres a fazer negócios com particulares, lembra-te disto:

• Usa Proteção de Pagamento: Sempre que possível, usa plataformas que façam o pagamento intermédio (escrow) ou que te ofereçam proteção contra fraudes.
• Guarda Tudo: Tira prints de ecrã de tudo: conversas, anúncios (mesmo depois de apagados), o IBAN, e todos os comprovativos de pagamento. Esta documentação é o teu seguro.
• Zero Pressa: Ignora os “descontos só hoje” ou “última oportunidade”. A pressa é a ferramenta principal do burlão.

Transferiste e Desconfiaste?

O tempo é o teu inimigo. Contacta o teu banco IMEDIATO para tentarem o bloqueio da transferência (recall). De seguida, apresenta a denúncia às autoridades (PSP/GNR/PJ) com toda a documentação que guardaste.