A regra secreta de 8 semanas que devias usar no débito direto

Sabes aquele débito direto que caiu e está errado com valor diferente, serviço cancelado, data trocada? Muitas pessoas “engolem em seco” por acharem que não há solução. Há, e é simples: no SEPA Core, tens 8 semanas a contar da data do débito direto para pedir reembolso sem teres de justificar. Se o débito nunca se autorizou (mandato inexistente/errado), podes contestar até 13 meses.

O que a lei realmente te dá

O sistema nasceu com um travão a favor do consumidor: 8 semanas de “no-questions-asked refund” para débitos autorizados. Ou seja, pedes o reembolso ao banco e pronto. Se a cobrança foi não autorizada, a correção entra nas regras dos pagamentos não autorizados do quadro europeu (PSD/PSD2): o banco deve repor a conta e tratar do acerto com o banco do credor, com prazos que podem ir até 13 meses.

Em Portugal, o Banco de Portugal aplica a mesma regra: reembolso de cobranças autorizadas até 8 semanas; não autorizadas, podes reclamar até 13 meses.

Como pedes o reembolso (sem stress)

O caminho mais rápido é pela app do teu banco (ou homebanking). Procura “Débitos diretos”, entra na transação e escolhe “Contestar / Reembolso SEPA”. Em alternativa, liga para a linha do banco ou vai à agência mas a app costuma ser mais ágil.

Passos práticos:

  • Escolhe a cobrança que queres contestar e indica se foi autorizada (erro de valor/data) ou não autorizada (nunca deste mandato).
  • Submete o pedido; alguns bancos pedem uma pequena declaração eletrónica nos casos “não autorizado”.
  • Guarda o comprovativo (PDF/email). A data e ID do pedido contam.

Em Portugal, depois de receber o teu pedido, o banco tem até 10 dias úteis para repor a conta e creditar o valor, seguindo o circuito SEPA.

“Autorizada” vs. “não autorizada”: descodificador rápido

Autorizada, mas errada: tinhas mandato válido, mas cobraram valor/data indevidos. Aqui aplicas a regra das 8 semanas e não precisas de apresentar justificações adicionais. Ou seja, pedes o estorno e o banco resolve.

Não autorizada: nunca deste mandato, ou revogou-se antes da cobrança, ou o credor usou referência errada. Nestes casos, o pedido pode ir até 13 meses. O banco tem de tratar do acerto e provar a autorização… se ela existir.

Empresas em B2B: no esquema SEPA B2B, não há o mesmo direito de reembolso “sem perguntas”. Ou seja, o banco do devedor valida o mandato antes e as regras apertam.

Perguntas que o balcão te vai fazer (e as respostas certas)

“Tem a certeza de que autorizou?” Se autorizaste, dizes: “quero o reembolso SEPA Core dentro das 8 semanas”. Se não autorizaste, pedes correção como pagamento não autorizado (até 13 meses).

“Tem de falar com a empresa primeiro.” Podes falar, mas não és obrigado para ter o reembolso no prazo legal. O teu interlocutor é o banco; depois a empresa e o banco dela tratam do acerto entre si.

“E em caso de serviço prestado?” O reembolso não apaga a dívida: resolve o erro de cobrança. Se deves algo real, a empresa pode refaturar corretamente ou combinar pagamento contigo. (É por isso que deves guardar contratos, emails e provas.)

Entretanto mantém uma “lista branca” de credores (só quem tu autorizar cobra) e, se precisares, ativa limites por credor/valor. Quase todos os bancos permitem bloquear novos mandatos ou cancelar os existentes na app é a forma mais eficaz de impedir surpresas.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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