Vodafone: prometeram pagar a multa da fidelização e agora querem 301€

“Disseram-me que a operadora nova assumia a penalização. Instalaram tudo… e depois apareceu a fatura e uma chamada ‘falsa’ da minha operadora a confirmar o acordo. Liguei para validar: não havia registo nenhum.” Agora chegou a multa da fidelização da Vodafone. Um leitor contou no Reddit (relato público) que foi abordado por um comercial externo a vender serviços de outra operadora. Ele avisou: “Sou cliente NOS e ainda estou fidelizado.” Resposta do comercial: “Sem stress, a Vodafone assume a penalização toda.”

Instalação feita, contrato assinado… e a seguir surge a cobrança da multa por parte da operadora antiga. Para piorar, o cliente recebe uma chamada “alegadamente da NOS” a confirmar que estava tudo tratado, chamada que a NOS diz não ter existido. Quando pede para cancelar nos 14 dias, aparecem 301€ de custos de instalação. Soa-te familiar?

Screenshot

Nota do editor: este artigo descreve um caso relatado. As práticas variam e as marcas referidas foram contactadas? Nem sempre e é justamente por isso que estas situações continuam a multiplicar-se. O problema não é “uma marca”, é um ecossistema de vendas por comissão onde alguns intermediários fazem o que for preciso para fechar a venda.

Porque é que isto resulta (e por que tanta gente cai)

  • Pressa + jargão: o comercial conhece a tua fidelização e “traduz” regras em teu favor.
  • Autoridade emprestada: falam “em nome da operadora”, mas são outsourcing ou “parceiros”.
  • Janela dos 14 dias: contam que tu só peças o cancelamento depois da instalação — quando já podem tentar cobrar deslocação/instalação.
  • Confusão deliberada: uma chamada “de confirmação” (nem sempre da operadora real) basta para relaxares e deixares passar prazos.

NOS mais lenta aos fins de semana? Saturação ou traffic-shaping disfarçado?

O que ninguém te diz nas lojas

Em regra, ninguém assume a tua penalização de fidelização, a não ser promoções muito específicas (e quase sempre parciais e por escrito).

Assim as operadoras aceitam contratos de parceiros e depois empurram a disputa para o cliente e o vendedor.

Entretanto sem prova escrita (contrato/proposta com cláusulas claras), a promessa vale zero.

O que fazer já, se te aconteceu o mesmo

1) Aciona o direito de livre resolução (14 dias)

Entrega em loja e envia por carta registada com AR. Guarda tudo. Se o prazo já passou, avança para os pontos seguintes.

2) Congela a narrativa com provas

Exporta a conversa de WhatsApp com o comercial (não só screenshots), registos de chamadas, emails, contrato, números e nomes. Faz duas cópias (cloud + pendrive).

3) Exige a gravação das chamadas comerciais

Na reclamação, pede auditoria às gravações. É essencial para provar o que te foi prometido.

4) Livro de Reclamações (online + loja)

Relata tudo: promessa de assunção da penalização, chamada “falsa”, tentativa de te cobrar 301€ após indução em erro. Pede resposta formal.

5) Centro de Arbitragem

Muitas vezes resolve mais rápido do que insistir em linhas de apoio. Junta toda a documentação.

6) Queixa-crime se houve engano doloso

Se tens prova de simulação (ex.: chamada a fingir ser da outra operadora), apresenta queixa por burla. O alvo pode ser o comercial e/ou a empresa intermediária.

Como impedir que te apanhem na próxima

Nunca aceites “pagamos a penalização” sem documento assinado onde conste valor, prazos e condições. Para além disso, pede o contrato antes e lê as cláusulas de fidelização, custos de instalação e prazos de cancelamento. Entretanto desconfia de quem evita escrever o que promete. Assim se “não dá para enviar por email”, não assines.

Para além disso se receberes “chamadas de confirmação”, liga tu para o número oficial da tua operadora e valida.

A minha opinião (sem filtros)

Não é “azar”: é modelo de negócio. Enquanto as operadoras fecharem contratos através de outsourcing pouco escrutinado, haverá sempre quem minta para bater metas. E enquanto os clientes não exigirem provas por escrito e registos das chamadas, o custo desta fraude vai continuar a cair… sobre ti.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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