Vidro na estrada: será que pode mesmo rebentar o teu pneu?

Estás a conduzir tranquilamente e, de repente, vês no chão pedaços de vidro espalhados. A dúvida instala-se: será que passar por cima vai estragar o pneu? Muitos motoristas nem pensam nisso, mas a verdade é que a situação pode ser mais séria do que parece e depende muito do tipo de vidro e também do pneu que tens montado no carro.

Vidro na estrada é um perigo para o pneu?

Um pneu de cidade, pensado para durar em percursos normais, não tem a mesma resistência que um pneu robusto de um jipe ou de uma carrinha de carga. Além disso, pneus de turismo são feitos para aguentar mais quilómetros e oferecer conforto, enquanto pneus de alta performance podem ser menos resistentes em certas situações.

Ou seja: a resposta à pergunta “o vidro pode estragar um pneu?” nunca é igual para todos os carros. Mas vamos por partes.

O vidro mais comum na estrada

O vidro de garrafas como as de cerveja ou refrigerantes costuma ser relativamente fino. Quando se parte, cria pequenos pedaços irregulares. Na maioria das vezes, estes fragmentos ficam apenas presos nos sulcos do pneu, sem chegarem a perfurar até às cintas de aço que lhe dão resistência.

Mas há exceções: se um dos fragmentos ficar em pé, bem encaixado numa ranhura ou entre pedras do piso, pode atuar como uma lâmina e penetrar a borracha. E claro, quanto maior a velocidade, maior o risco.

O verdadeiro perigo: vidro grosso

O vidro de montras antigas, painéis arquitetónicos ou mobiliário pode ser muito mais grosso às vezes com meio centímetro de espessura. Quando se parte, gera lascas grandes e afiadas como lâminas.

Se, por azar, uma dessas lascas ficar espetada na vertical na estrada e o pneu passar por cima, o risco é grande:

Pode cortar o piso do pneu de forma irreparável.

Pode atingir a lateral (o flanco), que é a parte mais frágil do pneu. Nestes casos, o dano é imediato e não há reparação possível. Assim o pneu tem de ser substituído.

A boa notícia é que este tipo de vidro é raro nas estradas, porque hoje em dia a maioria dos locais usa vidro temperado (de segurança), que parte em pequenos fragmentos arredondados.

O que fazer se passares por cima de vidro?

Mesmo que à primeira vista não pareça haver problema, nunca deves ignorar a situação. Aqui está o que deves fazer:

• Para o carro num local seguro e verifica os pneus visualmente.
• Procura estilhaços presos nos sulcos. Se forem superficiais, podem não causar problemas, mas é sempre melhor confirmar.
• Observa se há cortes ou bolhas na lateral. Estes sinais são sérios e exigem atenção imediata.
• Verifica a pressão nos dias seguintes. Um furo pequeno pode demorar horas ou dias a revelar-se. Se o carro tiver sistema de monitorização da pressão (TPMS), ótimo. Se não, usa um manómetro manual.
• Não tentes arrancar pedaços de vidro do flanco. Se estiverem cravados, leva o carro diretamente a uma oficina.

Pequenos detalhes, grandes problemas

Um pedaço de vidro pode parecer inofensivo, mas basta estar no ângulo certo para causar um estrago caro e perigoso. Lembra-te: um pneu com fuga lenta pode rebentar em andamento, sobretudo em autoestrada, colocando em risco não só o carro como também os ocupantes.

É por isso que os especialistas dizem: mais vale perder 10 minutos a verificar do que arriscar um acidente grave.

Vidro na estrada não é automaticamente sinónimo de pneu furado. Na maioria dos casos, os fragmentos ficam apenas presos no piso. Mas existem exceções perigosas sobretudo quando se trata de vidro grosso ou quando um estilhaço se posiciona na vertical.

Se passares por cima de vidro, nunca ignores. Faz uma inspeção rápida, acompanha a pressão nos dias seguintes e, se houver dúvidas, passa por uma oficina. O custo de uma verificação é insignificante quando comparado com o risco de conduzir com um pneu comprometido.