Ando viciado em água com gás e afinal isto é um problema?

Durante muito tempo, em Portugal, pedir água com gás num café era quase um statement: eras “o diferente”, o “à alemão”. Mas, aos poucos, esse hábito começou a espalhar-se e hoje, há quem diga que anda viciado em água com gás. Confesso: eu também. Há qualquer coisa de viciante nas bolhas, naquele toque ligeiramente ácido e tudo parece melhor do que beber agua natural. Mas, entre amigos e familiares, a pergunta é sempre a mesma: “Isso faz bem ou faz mal?”

O hábito que vem da Alemanha

Na Alemanha, a água com gás é praticamente a norma. Nos supermercados, é mais fácil encontrar água com gás do que sem gás, e a maioria das pessoas tem até máquinas próprias para gaseificar a água em casa.

Culturalmente, é vista como uma bebida “mais completa”, que limpa o paladar e ajuda na digestão. E esse costume está agora a conquistar também os portugueses talvez porque dá uma sensação mais “premium” sem deixar de ser saudável.

Mas afinal… é mesmo saudável?

A boa notícia: sim, hidrata na mesma

Ao contrário do que se ouve por aí, a água com gás hidrata exatamente da mesma forma que a água natural. O gás carbónico (CO₂) que lhe dá as bolhas não altera o valor nutricional nem a forma como o corpo absorve a água.

Além disso, há benefícios reais:

Ajuda na digestão: o leve efeito efervescente estimula a produção de sucos gástricos;

Dá sensação de saciedade, o que pode ser útil para quem quer controlar o apetite;

Substitui refrigerantes, ajudando a reduzir o consumo de açúcar.

Ou seja: se o teu “vício” te faz beber mais água e menos refrigerantes, é um vício saudável.

Mas há exceções…

Nem tudo é perfeito e é aqui que entram os “mas”:

Problemas gástricos ou intestinais

Se sofres de refluxo, gastrite, síndrome do intestino irritável ou tendência para gases, a água com gás pode agravar a sensação de enfartamento ou provocar desconforto abdominal. O CO₂ dilata o estômago e pode aumentar a pressão interna, o que em algumas pessoas causa azia ou dor.

Águas com gás com sabor

Algumas versões industriais (sobretudo as “com sabor”) têm ácidos e adoçantes que podem desgastar o esmalte dos dentes ou irritar o estômago. Se quiseres a versão mais saudável, escolhe água com gás natural ou sem aditivos.

Pode aumentar ligeiramente o risco de descalcificação dentária, se for consumida em excesso e logo após escovar os dentes o ácido carbónico é suave, mas presente.

trocar a água sem gás por água com gás faz isto ao seu corpo!

E o mito do “inchaço”?

Muita gente diz que a água com gás faz “inchar”. Na verdade, isso depende da pessoa. O gás é libertado rapidamente pelo estômago geralmente através de arrotos (menos glamoroso, mas inofensivo). No entanto, quem já tem tendência para distensão abdominal pode sentir algum desconforto se exagerar.

A dica é simples: bebe devagar. Assim dás tempo ao corpo para libertar o gás sem criar pressão.

O equilíbrio perfeito

Tudo depende da quantidade. Beber 1 a 2 copos por dia é totalmente seguro e até benéfico. Beber 2 litros diários de água com gás… talvez seja demais, especialmente se tens o estômago sensível.

Podes alternar: um copo de água com gás durante as refeições e água natural no resto do dia. Assim ficas com o melhor dos dois mundos.

Curiosamente, cada vez mais marcas nacionais estão a investir em versões com gás,  naturais, artesanais e até com minerais específicos. O que começou como uma curiosidade “à alemã” já é tendência nas mesas portuguesas, especialmente nos meses quentes. No fim de contas, se a água com gás te faz beber mais água e cuidar mais da saúde, não há problema nenhum.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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