Golpe da SMS da CGD assusta: até o número da conta é verdadeiro

Nas últimas semanas, tem-se multiplicado em Portugal um esquema de burla particularmente preocupante que afeta clientes da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Trata-se de um caso de smishing, phishing através de SMS, mas com uma diferença que o torna ainda mais perigoso: em alguns casos, as mensagens fraudulentas incluem o número de conta à ordem verdadeiro do cliente. Este detalhe é suficiente para enganar até os mais atentos. Afinal, se o SMS contém dados que só o banco deveria conhecer, como desconfiar?

O que é o smishing?

O termo smishing junta as palavras “SMS” e “phishing”. É uma técnica usada por criminosos para enganar as vítimas, levando-as a clicar em links falsos que imitam sites legítimos de bancos, empresas ou instituições.

No caso da CGD, o objetivo é claro:

  • Roubar as credenciais de acesso à Caixa Directa.
  • Conseguir códigos de autenticação para movimentar dinheiro.
  • Obter dados pessoais que podem ser usados em burlas futuras.

Normalmente, os smishing são relativamente fáceis de identificar: erros ortográficos, remetentes suspeitos ou links claramente estranhos. Mas este novo ataque vai muito além disso.

O que torna este ataque da SMS da CGD diferente

Os SMS fraudulentos aparecem no mesmo histórico de mensagens oficiais da CGD. Isso acontece porque os criminosos conseguem forjar o remetente para que surja apenas “CGD” no ecrã. Até aqui, nada de novo.

O problema é que, em alguns casos, o SMS falso contém também o número de conta à ordem verdadeiro do cliente.

Isto significa que os burlões não estão apenas a enviar mensagens em massa. Eles têm acesso a bases de dados com informação real dos utilizadores.

A consequência é óbvia: o grau de credibilidade aumenta brutalmente. Muitos clientes, ao verem o seu próprio número de conta na mensagem, assumem tratar-se de uma comunicação legítima do banco.

Como podem ter obtido estes dados?

Não há indícios de que a CGD tenha sofrido uma fuga de informação. A explicação mais plausível é outra:

Bases de dados de terceiros: comerciantes, serviços de subscrição, ginásios ou até plataformas online que pedem IBAN + número de telemóvel para débitos diretos podem ter sido alvo de ataques.

Recolha em massa: uma vez expostos, estes dados podem ter sido vendidos em fóruns ilegais.

Cruzamento de informação: os criminosos juntam IBAN, telemóvel e nome e usam-nos para personalizar ataques.

Ou seja, mesmo que nunca tenhas partilhado diretamente o teu IBAN com estranhos, um simples serviço ao qual aderiste pode ter sido comprometido.

Porque este golpe é tão perigoso

Credibilidade máxima: ao incluir dados reais (número de conta), o SMS parece legítimo.

Mistura com mensagens oficiais: como surge no mesmo histórico da CGD, é quase impossível distinguir de imediato.

Urgência emocional: a mensagem fala em “débitos suspeitos” e pede confirmação imediata, levando a vítima a agir sem pensar.

Acesso direto: quem clicar no link vai para uma página falsa, mas idêntica à da CGD, onde introduz dados de login.

Em segundos, os criminosos ficam com o utilizador, a palavra-passe e até os códigos de autenticação, podendo movimentar a conta.

farto de sms? google messages revela quem tem rcs

Exemplos reais

Um dos SMS falsos recentemente reportados dizia:

“Estimado/a, identificamos débitos suspeitos na sua conta à ordem XXXXXXXX. Solicitamos que se verifique: [link fraudulento]”

Note-se que o campo “XXXXX” correspondia ao número de conta verdadeiro da vítima.

Este detalhe faz com que a maioria das pessoas baixe a guarda. Afinal, como poderia um burlão saber o número exato da conta se não fosse mesmo o banco?

Como se proteger

Para evitar cair neste esquema, siga estas recomendações:

Nunca clique em links recebidos por SMS. Mesmo que apareçam no histórico da CGD, aceda sempre pela app oficial ou site (www.cgd.pt).

Confirme o remetente. O banco nunca envia links externos para validar acessos.

Ative notificações de movimentos. Assim, é alertado em tempo real caso haja algum débito estranho.

Entretanto reporte sempre. Se receber uma destas mensagens, contacte de imediato a CGD através do número oficial (217 900 790).

Reforce a segurança digital. Utilize autenticação forte, mantenha o telemóvel atualizado e evite partilhar o seu IBAN desnecessariamente.

O caso do smishing da CGD com números de conta reais mostra como os ataques digitais estão a tornar-se cada vez mais sofisticados. Já não se trata apenas de mensagens mal traduzidas ou links óbvios. Estamos perante burlas que usam informação pessoal verdadeira para ganhar credibilidade.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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