É inegável que a gama baixa e gama média de aparelhos Android está melhor, está de facto muito melhor, após 2 ou 3 anos em que a evolução foi… Muito pouca. Mas, também é preciso ter bom-sensor. Chamar aparelhos de 200€ ou 300€ de Pro, Ultra, ou o que quer que seja, não faz qualquer sentido.
Juízo! Um smartphone de 200€ não é um topo de gama!
Nós já falámos sobre isto várias vezes, ao afirmar em que num mundo em que tudo é Pro ou Ultra, a realidade é que nada é Pro ou Ultra. São apenas “chavões” de marketing para diferenciar produtos, ou chamar a atenção do consumidor. Não tem valor substancial!
Por exemplo, a Xiaomi, que até é muito competente nos smartphones BBB (Bons, Baratos e Bonitos), lançou um outro smartphone acessível, o Poco M7 Pro 5G. Um equipamento que, por menos de 200€, oferece um ecrã de 120Hz, uma bateria de 5110mAh e uma câmara Sony de 50MP. Tudo ótimo. Mas… Tire já o cavalinho da chuva se acha que isto é um aparelho topo-de-gama, ou sequer próximo disso.
É aqui que a Xiaomi tem de ser um pouco criticada, porque dentro das loucuras do marketing, quis fazer de conta que está a lançar um novo flagship.
Flagship? Onde?
Ou seja, a fabricante mexe um pouco com a realidade, ao agarrar nos 120Hz, e na resistência a pó e água, para dizer que tem uma resiliência própria de um aparelho topo de gama. Porém, o novo Poco tem resistência à água e poeiras com certificação IP64, em vez de IP67 ou IP68, e claro, o ecrã chega aos 120Hz, mas em nada se assemelha a um ecrã OLED realmente premium.
Isto ainda se estica mais um bocadinho no lado das câmaras, ao dizer que o zoom digital de 2x é “flagship-level”. Não é! A câmara é minúscula, com um sensor de 1/1.95 polegadas, bem longe dos sensores muito maiores usados nos verdadeiros topos de gama.
É verdade que algumas marcas usam recorte no sensor para fazer zoom sem muita perda de qualidade, mas no caso do Poco, estamos a falar de marketing criativo, não de milagres técnicos.
O que realmente merecia ser destacado?
Curiosamente, aquilo que a Xiaomi não chama de flagship é o que talvez mais impressiona: a bateria de 5110mAh, que promete uma autonomia brutal.
A Xiaomi não está sozinha!
A Oppo, por exemplo, também andou a vender o Reno 12 FS 5G como tendo uma “flagship camera combo” quando, na prática, tem uma câmara principal de 50MP, uma ultra grande angular de 8MP e uma inútil macro de 2MP. Flagship? Só se for de 2012.
Flagship, Pro ou Ultra não pode ser só uma palavra bonita. Tem de ter algum significado… Algum peso!
Antigamente, “flagship” significava o melhor do melhor que uma marca podia oferecer. Isto já não acontece. Hoje parece que qualquer marca quer meter a palavra “flagship” à frente de qualquer coisa para justificar escolhas duvidosas.