As televisões já não são os aparelhos simples de antigamente. Mesmo os modelos mais baratos vêm equipados com funcionalidades inteligentes, sobretudo acesso direto a plataformas de streaming como Netflix, Disney+ ou Amazon Prime Video. No entanto, trazem também publicidade intrusiva e preocupações com privacidade. Perante isto, muitos consumidores sentem saudades de quando as televisões eram apenas… televisões. Mas será que uma TV burra é realmente melhor comparativamente a uma Smart TV?
Smart TV ou uma TV “burra”: afinal qual é a melhor opção?
Sim, ainda existem TVs sem funções inteligentes — mas não são ideais
Hoje em dia, ainda se conseguem encontrar televisores sem sistema operativo, mas as opções são poucas e pouco apelativas. A maioria insere-se em dois grupos: modelos ultra low-cost, como um televisor de 32 polegadas e resolução 720p, ou então monitores comerciais usados em lojas, sem colunas ou comandos tradicionais.
Os modelos comerciais até podem ter painéis 4K HDR, mas não têm suporte para colunas externas nem as funcionalidades esperadas numa sala de estar. Ou seja, são “meio burros” — não têm apps, mas mantêm integração móvel e algumas funções automatizadas.
Resumindo: é difícil recomendar uma TV totalmente “burra” nos dias de hoje. Comprar um modelo antigo usado é outra opção, mas provavelmente já estará ultrapassado ou com qualidade de imagem aquém do desejável.
Porque é que todas as TVs agora são inteligentes?
A resposta está nos dados e no lucro. Os fabricantes ganham muito mais com publicidade integrada, parcerias e recolha de dados dos utilizadores do que com a simples venda do aparelho. A verdade é que as Smart TVs são mais baratas do que seriam se não fossem “smart”, porque os fabricantes compensam nos lucros pós-venda.
Isto cria um paradoxo: poucos consumidores estariam dispostos a pagar mais por uma TV sem funcionalidades inteligentes, e como tal, as empresas não têm incentivos para oferecer essa opção.
Desligar as funções inteligentes: solução ou ilusão?
É possível desativar algumas funcionalidades — como a recolha de dados ou o acesso à internet. No entanto os fabricantes não facilitam esse processo. Os menus são complexos, e muitos utilizadores nem sabem que a opção existe. E mesmo quando o smart é “desligado”, sobram botões no comando, atualizações automáticas e sistemas operativos prontos a saltar à vista.
Desligar o acesso à internet é uma forma eficaz de manter a TV “burra”. Ainda assim traz um custo: ficas sem atualizações, que podem incluir correções importantes não só para o software inteligente, mas também para a performance do painel.
A publicidade está em todo o lado
Mesmo que desligue as funções inteligentes, não escapa aos anúncios. Plataformas como Prime Video ou Disney+ têm planos com anúncios integrados. Consolas e boxes de streaming também mostram publicidade nos menus. E claro, o conteúdo em si muitas vezes está carregado de publicidade disfarçada. A diferença é que, numa Smart TV, os anúncios vêm do próprio aparelho, o que pode ser ainda mais intrusivo.
Mas nem tudo é negativo: as Smart TVs também trazem valor
Apesar das críticas, para muitos utilizadores uma Smart TV representa simplicidade e conveniência. Acesso imediato a apps, integração com dispositivos domésticos, controlo por voz, possibilidade de jogar via streaming, ver câmaras de segurança ou espelhar o ecrã do computador — tudo isto são funcionalidades úteis, desde que a experiência seja fluida.