Nos últimos dias, têm surgido vários relatos de pessoas que receberam visitas inesperadas à porta de casa. Quem bate apresenta-se como sendo “da luz”, fala numa suposta situação por regularizar e insiste que tudo tem de ficar resolvido até ao dia 31 de dezembro, sob pena de multa. O problema é simples: não são da tua empresa de eletricidade.
Estão a bater à porta a fingir ser “da luz” e a ameaça é falsa
Entretanto o discurso segue quase sempre o mesmo guião. Assim começa com frases vagas, como “tem aqui algo pendente” ou “viemos ajudar a regularizar o contrato”, e rapidamente passa para a pressão. Falam em datas-limite, consequências financeiras e deixam implícito que algo pode correr mal se a pessoa não agir naquele momento.

É aqui que muita gente se engana.
Na realidade, nenhuma empresa de energia resolve contratos porta-a-porta. Assim não há multas por não “regularizar” nada à campainha, não existem prazos universais impostos de forma informal e a E-REDES, responsável pela rede elétrica, não anda a tocar às portas por causa de faturação ou contratos.
Entretanto se existisse realmente um problema com o teu contrato de eletricidade, serias contactado por meios oficiais: carta, email identificado ou informação clara na própria fatura. Nunca através de alguém que aparece sem aviso e pede uma decisão imediata.
O objetivo destas visitas não é ajudar
Na maioria dos casos, trata-se de venda agressiva disfarçada. A pessoa tenta levar-te a mudar de comercializador sem perceberes ou recolher dados suficientes para iniciar esse processo mais tarde. Pedir para “confirmar uma fatura”, apontar números do contador ou obter uma assinatura rápida são partes essenciais da estratégia.

A parte da “multa” é completamente falsa. Não existe nenhuma penalização por não mudar de operador, nem qualquer obrigação legal associada a visitas domiciliárias. A data de 31 de dezembro, tal como outras datas usadas neste tipo de abordagem, serve apenas para criar urgência e levar a decisões precipitadas.
Se alguém te abordar desta forma, a regra é simples: não mostrar documentos, não confirmar dados e não assinar nada. Uma frase curta costuma resolver a situação de imediato:
“Não trato de contratos à porta. Enviem por correio.”
Caso alguém já tenha assinado algo sem perceber bem o que estava a fazer, importa saber que a lei prevê um prazo de 14 dias para cancelar, sem necessidade de justificar. Quanto mais rápido for feito o contacto com o operador, melhor.
Uma abordagem a crescer
Entretanto este tipo de abordagem tem sido reportado em várias zonas do país e afeta sobretudo pessoas mais velhas, mas qualquer pessoa pode cair, especialmente quando o discurso soa “oficial” e vem acompanhado de pressão.
Assim se isto te aconteceu, avisa quem te rodeia. Pais, avós, vizinhos e amigos devem saber que, quando alguém diz à porta que “é da luz” e fala em multas, o mais provável é não ser ajuda nenhuma.
É pressão e deve-se ignorar.

