Numa era em que tudo é digital e “na nuvem”, ninguém esperava que os leitores de discos voltassem a ser notícia. Mas é exatamente o que está a acontecer e está a deixar as lojas japonesas de tecnologia em alvoroço. O que antes parecia tecnologia do passado, as drives de CD, DVD e Blu-ray, estão de volta, e por motivos que vão muito além da nostalgia. É sem dúvida interessante este regresso inesperado dos leitores de DVD.
O Windows 11 trouxe o problema (e a solução é o DVD)
Desde que a Microsoft encerrou o suporte ao Windows 10 em outubro de 2025, milhões de utilizadores foram obrigados a mudar para o Windows 11. Mas há um detalhe: os novos computadores compatíveis com o sistema exigem o Trusted Platform Module (TPM), e muitos PCs antigos ficaram de fora.
O resultado do regresso dos leitores de DVD? Uma corrida às lojas.
Os utilizadores japoneses que compraram novos computadores rapidamente perceberam que os novos modelos já não trazem leitor de discos.
E como muita gente ainda tem coleções inteiras de filmes, jogos, programas e backups em CD e DVD, houve uma explosão na procura por drives externas USB. Em Tóquio, na famosa zona tecnológica de Akihabara, algumas lojas chegaram a ficar sem stock.
Mas não é só culpa da Microsoft
A verdade é que o regresso dos discos físicos já estava em marcha há algum tempo. Quando grandes marcas como LG e Pioneer anunciaram que iam deixar de fabricar leitores Blu-ray, muitos fãs de tecnologia decidiram comprar enquanto ainda podiam.
E há outro fator: o cansaço com o mundo do streaming. Plataformas como Netflix, Disney+, HBO Max e Spotify aumentam preços, enchem-se de anúncios e retiram conteúdos sem aviso. Além disso, o que compras online não é realmente teu é uma licença temporária.

A própria Amazon confirmou que pode remover filmes ou músicas compradas digitalmente a qualquer momento. Por isso, muita gente está a voltar a pensar como antes: se quero mesmo garantir que é meu, compro o disco físico.
A nostalgia aliada à praticidade
Os discos oferecem algo que o streaming perdeu: certeza e qualidade constante. Nada de “conteúdo indisponível na tua região” ou “erro de ligação Wi-Fi”. Colocas o DVD, carregas no play e funciona sempre.
Além disso, o mercado japonês tem uma ligação emocional forte à cultura física: edições especiais, colecionáveis, bandas sonoras e filmes com extras exclusivos.
O resultado é uma mistura perfeita de nostalgia e resistência digital. Ou seja, um protesto silencioso contra o consumo descartável.
O físico ainda tem futuro
Apesar da corrida tecnológica para o digital, o regresso dos leitores de disco mostra algo importante: as pessoas ainda valorizam o que podem tocar, guardar e usar sem depender de uma subscrição.
O mesmo fenómeno vê-se nos vinis, máquinas fotográficas analógicas e consolas retro. Assim a tecnologia muda mas o desejo de posse e permanência continua igual.
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