Se já olhaste com atenção para pneus novos, de certeza que reparaste neles: pequenos pinos finos de borracha que sobressaem da superfície. Muita gente chama-lhes “bigodes” e há quem ache que são defeitos, restos mal cortados ou até indicadores de desgaste. Mas a verdade é que esses pinos têm uma origem curiosa e, embora não tenham uma função prática no dia a dia, revelam muito sobre como os pneus são fabricados. A explicação vai surpreender-te.
Como nascem os pinos de borracha dos pneus
Para perceber de onde vêm, precisamos de espreitar o processo de fabrico dos pneus.
Um pneu é feito de várias camadas de borracha, fibras e aço que são prensadas e moldadas através de um processo chamado vulcanização.
Neste processo, a borracha é aquecida em moldes de metal para ganhar a forma final, com todos os sulcos e desenhos que garantem aderência na estrada. Esses moldes têm pequenos canais de ventilação, necessários para deixar escapar o ar e o excesso de borracha durante a compressão.
O que acontece é simples: o ar sai pelos canais, mas um pouco de borracha escapa também, formando aqueles pinos que ficam visíveis no pneu novo.
Os mitos mais comuns sobre os pinos
Desde sempre que circulam ideias erradas sobre os famosos “bigodes” de borracha. Aqui estão as mais comuns:
“Servem para medir o desgaste do pneu”: Mito. O verdadeiro indicador de desgaste são pequenos blocos dentro dos sulcos. Quando a borracha chega ao nível desses blocos, significa que o pneu já não tem aderência suficiente e deve ser trocado.
“Ajudam na aderência”: Mito. Os pinos são demasiado pequenos para influenciar o contacto do pneu com o asfalto.
“São proteção extra”: Outro mito. Não têm qualquer impacto na segurança ou durabilidade.
Ou seja, se estavas à espera que os pinos fossem um “segredo” escondido do fabricante, lamento desiludir-te. Eles são apenas vestígios do processo de produção.
A verdadeira explicação
Os pinos de borracha são simplesmente excedentes que resultam da vulcanização.
Não servem para nada em termos de condução e desaparecem naturalmente com a utilização. Basta conduzires algumas dezenas de quilómetros e eles começam a desgastar-se, até sumirem por completo.
A razão pela qual os fabricantes não os cortam na fábrica é óbvia: não vale a pena gastar tempo e dinheiro num detalhe que desaparece sozinho e não compromete a qualidade do produto.
Curiosidade: podem dizer algo sobre o pneu
Embora os pinos não tenham utilidade prática, alguns especialistas em pneus usam-nos como pista para identificar pneus falsificados ou recondicionados.
Pneus novos de qualidade têm pinos uniformes e distribuídos de forma consistente.
Pneus falsos ou recauchutados podem ter pinos maiores, irregulares ou até mal posicionados.
Não é uma regra absoluta, mas pode ser um sinal de alerta quando compras pneus em locais duvidosos.
Um detalhe que vem de longe
Os pinos existem desde que os primeiros pneus modernos começaram a ser produzidos em moldes industriais, no início do século XX. Naquela altura, muita gente pensava que eram mesmo falhas de fabrico, mas rapidamente os fabricantes explicaram que era apenas consequência natural do processo. Curiosamente, até hoje continuam a intrigar condutores que olham para eles sem saber o porquê.
O que realmente importa nos pneus
Se os pinos não são importantes, o que é que deves observar num pneu?
O indicador de desgaste nos sulcos: São pequenos ressaltos que mostram quando já não há borracha suficiente para circular em segurança.
A pressão correta: Pneus mal calibrados aumentam o consumo e reduzem a aderência.
A data de fabrico: Mesmo sem uso, pneus com mais de 5 anos começam a perder qualidade.
O desenho da banda de rolamento: Define se o pneu é para estrada seca, chuva ou todo-o-terreno.
Esses detalhes sim, podem salvar vidas.
Então, devo preocupar-me com os pinos?
Não. Os pinos são apenas um sinal de que o pneu é novo e acabou de sair da fábrica.
Se desaparecerem depressa, não significa que o pneu é mau; se durarem mais tempo, também não significa que é melhor. São irrelevantes para a performance, mas servem como lembrete de que o processo industrial por trás de cada pneu é complexo e cheio de pormenores que nunca vemos.
Os pequenos pinos de borracha nos pneus não são indicadores de qualidade, não servem para medir desgaste e não afetam a condução. São apenas vestígios do fabrico, formados nos canais de ventilação dos moldes. Com o uso, desaparecem naturalmente e não têm qualquer impacto na segurança.
Da próxima vez que comprares pneus novos e vires aqueles “bigodes” espalhados pela borracha, lembra-te: não são defeitos nem truques secretos. São apenas a marca invisível de um processo de fabrico pensado ao detalhe, que transforma borracha e aço em algo tão essencial como os pneus que mantêm o teu carro colado à estrada.
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