Muito antes de inventarmos camas, os humanos já partilhavam o sono com parasitas bem conhecido: os percevejos. E se pensa que só surgiram com a vida moderna, desengane-se. Os percevejos estão connosco há mais tempo do que as próprias cidades.
Percevejos: os parasitas que nos seguem há mais de 50 mil anos
Estudos recentes mostram que o percevejo pode ter sido o primeiro verdadeiro parasita urbano da história, superando até o rato-preto (que se juntou ao estilo de vida urbano há cerca de 15000 anos) e a barata alemã (que só apareceu nas nossas cidades há 2100 anos).
Tudo começou… com morcegos?
Segundo os investigadores, os percevejos saltaram dos morcegos para os humanos há cerca de 50000 anos. Foi um encontro fortuito entre uma espécie à procura de sangue e um humano a passar por uma caverna e que mudou o rumo evolutivo destes insetos para sempre.
A partir daí, a espécie associada aos humanos começou a seguir-nos por todo o lado. Durante a Última Idade do Gelo, há cerca de 20000 anos, tanto os percevejos que viviam com morcegos como os que nos acompanhavam sofreram uma queda populacional. Mas enquanto os que ficaram com os morcegos nunca mais recuperaram, os nossos companheiros noturnos dispararam em número.
O boom começou com as cidades
A ascensão dos percevejos está ligada ao nosso próprio desenvolvimento. Quando deixámos as cavernas e começámos a construir cidades há cerca de 12000 anos, os percevejos encontraram o habitat perfeito para prosperar. Abrigos quentes, corpos humanos por perto e condições ideais para se esconderem durante o dia e atacarem à noite.
Durante milénios, esta relação manteve-se. Foi apenas no século XX que conseguimos uma pequena vitória: com a introdução do inseticida DDT nos anos 1940, a população de percevejos caiu a pique. Por alguns anos, dormimos descansados… mas não por muito tempo.
Cinco anos depois, os percevejos estavam de volta e mais resistentes do que nunca. Atualmente, são altamente resilientes aos pesticidas modernos, viajam connosco em malas, hotéis e transportes públicos, e continuam a ser uma praga difícil de erradicar.
Uma convivência forçada mas duradoura
Pode parecer estranho, mas partilhamos uma longa história com os percevejos. Eles evoluíram connosco, adaptaram-se aos nossos hábitos e resistiram aos nossos avanços tecnológicos. E pelo que tudo indica, vieram para ficar.