Durante muitos e longos anos, o ecossistema Android era valorizado porque era mais aberto, ou seja, permitia fazer muito mais! A Google dava tudo: código aberto, drivers, árvores de dispositivos e kernel com histórico completo. Era quase como se dissesse: “Anda, mexe nisto à vontade”. Mas isso acabou, ou está a mudar de uma forma inesperada para muitos.
Sim, a Google afirma que o AOSP (Android Open Source Project) não vai morrer. Por isso, até lançou o código-fonte do Android 16, como prometido. Mas o problema está nos detalhes. Ou melhor, nas omissões.
Os fãs de ROMs Android podem ter a vida complicada
Nada de árvores de dispositivos. Nada de binários. Falta muita coisa!
Na prática, a Google retirou os recursos que tornavam o Pixel o ponto de partida ideal para quem queria desenvolver ROMs personalizadas. Isto porque deixou de incluir as chamadas device trees e os binários correspondentes. Pior ainda, o kernel agora aparece todo comprimido num único commit, o que torna impossível seguir o rasto de atualizações e melhorias. Para a comunidade de developers, isto é um autêntico murro no estômago.
A desculpa oficial? A Google quer deixar de usar os Pixel como referência para o Android aberto. Em vez disso, vai apostar num dispositivo virtual chamado “Cuttlefish”, que corre em PCs e é mais “neutro”.
A ideia até é interessante, porque tentar tornar o AOSP menos dependente de hardware físico, sobretudo da própria Google.
Mas na prática, quem quiser fazer uma ROM para o Pixel 9, por exemplo, vai ter de andar a adivinhar o que mudou, com base nos binários antigos do Android 15. É como tentar montar um puzzle sem imagem de referência e com peças trocadas.
Está o AOSP a morrer?
A Google diz que não. Mas as ações contam mais do que as palavras. E se cada vez dá menos ferramentas à comunidade, o que está realmente a acontecer é que está a fechar a porta na cara de quem ajudou a manter o Android vivo e alternativo.
Para o utilizador comum, isto pode parecer irrelevante. Porque de facto é. Os consumidores têm assistido a fabricantes a fechar o ecossistema, e ninguém levantou o dedo para falar. Por isso, é fácil perceber que o consumidor casual não quer saber disto para nada.
Mas para quem valoriza o controlo total sobre o seu smartphone, é mais um sinal de que a era dourada do Android livre e personalizável está em risco.