Caso não saiba, o ArrábidaShopping vai fechar 8 salas do total de 20 que tem no ativo. Ficam 12, o que nem é assim tão mau, certo? Porém, isto é apenas o sintoma mais visível de um problema maior: o cinema está a perder público.
Já não é apenas uma questão local. Já existem distritos sem exibição comercial regular, o que mostra que a cultura cinematográfica em sala está a encolher a olhos vistos.
A culpa é da qualidade? Do Preço? Ou de tudo?
Ir ao cinema já não é a experiência acessível de antigamente.
Entre bilhete, pipocas e transporte, facilmente se gasta o equivalente a um mês de streaming. O equivalente, ou muito mais. Duas pessoas a ir a uma sessão de IMAX, com pipocas e bebida, é brincadeira para ir aos 30€.
Há promoções e cartões que tornam a conta menos pesada, mas a perceção ficou: “ir ao cinema é caro”. Infelizmente, quando essa ideia se instala, torna-se difícil competir com o conforto do sofá.
A experiência perdeu qualidade.
Quem ainda paga para estar numa sala de cinema exige uma experiência irrepreensível.
Mas, cada vez mais, o que se encontra são salas com projeções de qualidade duvidosa, som desequilibrado e comportamentos que arruínam o ambiente. Smartphones a brilhar, conversas em voz alta e gente a entrar e sair como se fosse um café.
Depois temos o fim dos intervalos, e claro, o facto de hoje em dia qualquer filme durar sempre entre 2 e 3 horas.
Quando a ida ao cinema deixa de ser especial e começa a ser irritante, muitos optam por ficar em casa.
O streaming mudou tudo?
A pandemia acelerou o que já estava a acontecer: a migração para o digital.
Hoje, muitos filmes chegam rapidamente às plataformas. Por vezes, pode ver um filme em streaming pirata antes mesmo dele sair em Portugal.
Dito tudo isto, com televisões OLED acessíveis e soundbars Atmos a recriar parte da magia da sala, o espectador pergunta-se: “Vale a pena sair de casa?” Cada vez mais, a resposta é não.
Menos risco, menos variedade
Entretanto, outro fator é a própria oferta. A indústria tornou-se avessa ao risco, repetindo sequelas e remakes até à exaustão. A ausência de filmes médios, originais e diferenciadores empurra o público para alternativas. Se tudo parece igual, por que gastar tempo e dinheiro a ir à sala?
Qual é o futuro?
Em suma, o público não desapareceu. Em vez disso, só deixou de ver motivos suficientes para estar presente. Se nada mudar, o futuro é óbvio.
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