Atenção… Se for algum agente da autoridade a ler isto, não estou a dizer que voltei a ir buscar o chapéu de pirata ao armário. Nada disso senhor agente. Bom dia!
Dito tudo isto, como deves saber, nos anos 2000 e início de 2010, a internet vivia o seu auge da pirataria! O BitTorrent representava um terço de todo o tráfego online, o LimeWire tinha mais utilizadores do que o Facebook, e o Pirate Bay era o “videoclube” onde havia sempre o que procuravas, e o eMule tinha sempre as músicas que querias na tua playlist, isto hipoteticamente falando, claro.
Foi a década em que o mundo passou dos discos físicos para o digital, e onde todos perceberam que um ficheiro podia ser copiado infinitas vezes, sem custo adicional.
Aliás, chegou-se a um ponto em que 95% de toda a música descarregada era pirata. Era mais fácil, mais rápido e infinitamente mais prático do que comprar. Mas… Depois… tudo parou.
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A morte (temporária) da pirataria?

Por volta de 2015, o “partilhar é viver” começou a desaparecer. Porquê? Porque o streaming parecia ser a solução perfeita.
Netflix, Spotify e companhia prometeram acesso ilimitado, barato e legal a todo o conteúdo. E de facto funcionou. Porque, de repente, a pirataria deixou de fazer sentido.
Mas como tudo o que parece bom demais, também isto tinha prazo de validade.
O problema é que o streaming piorou…
Hoje, o cenário é o oposto.

Na música não está assim, mas no lado das séries e filmes, tens dezenas de plataformas, todas mais caras, todas com catálogos incompletos e cada vez mais anúncios. Queres ver uma série? Boa sorte a descobrir em que serviço está cada temporada. Queres um filme antigo? Pesquisa no Google, muda o VPN e reza para que ainda esteja disponível.
Infelizmente, quando um simples ato de ver um filme se torna num quebra-cabeças, é natural que muita gente volte a preferir… o Pirate Bay.
As empresas sabiam que isto ia acontecer!
O curioso é que as grandes empresas sabiam disto desde o início.
Netflix, por exemplo, sempre soube que iria perder subscritores para a pirataria. Simplesmente não se importava. Porquê? Porque a pirataria atinge mais os rivais do que a própria Netflix.
Quando um filme sai da Netflix e vai parar a outro serviço, a pirataria desse título sobe mais de 20%. Ou seja, o problema afeta quem perde o conteúdo, não quem já não o tinha.
A culpa não é só do streaming!
Muita gente aponta o dedo à ganância das plataformas, e com razão. Mas há algo mais profundo. O próprio modelo de Hollywood está falido.
Ou seja, enquanto a indústria da música aprendeu a viver com o streaming, e tornou a pirataria desnecessária, o cinema fez o oposto.
Os estúdios dividiram os catálogos entre plataformas, encareceram produções e começaram a depender de blockbusters caríssimos.
Para ter ideia, dos 20 filmes mais caros da história, 19 foram lançados na última década. Além disso, metade nem sequer recuperou o investimento.
E o público? Está farto!
Ir ao cinema é caro. As plataformas estão saturadas, e o conteúdo está a piorar.

As pessoas voltam-se para onde tudo começou: os torrents. Talvez não da mesma forma, mas a partir de novas apps, ou plataformas, que entretanto apareceram e tornara tudo mais fácil.
Isto não porque queiram roubar, mas porque querem simplicidade. Querem ver o que gostam, quando quiserem, sem precisar de cinco subscrições e dez passwords.
O ciclo repete-se
O streaming matou a pirataria porque era fácil e barato. Agora que é caro e confuso, a pirataria volta a ser fácil e barata. O ciclo fecha-se, e as empresas fingem surpresa.
No fim de contas, não é a pirataria que regressa, é a lógica que nunca devia ter sido esquecida.
E tu? Onde estás?
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