Nos últimos meses, abrir o telemóvel e encontrar uma mensagem do banco, dos CTT ou até de uma empresa de entregas tornou-se rotina para muita gente. Mas há um detalhe que a maioria ignora: quase todas estas mensagens vêm do mesmo tipo de burlões. Eles não são amadores, não são pessoas a tentar a sorte. São verdadeiras redes organizadas que sabem exatamente o que estão a fazer. Afinal, como é que estas pessoas conseguem enganar tantos portugueses ao mesmo tempo? E será que há ligação entre todos estes esquemas. Ou seja, da SMS que fala de uma encomenda parada na alfândega ao email que te avisa que tens de atualizar o MB Way? A resposta é simples e assustadora: sim, em muitos casos, a origem é a mesma.
Como funcionam estes grupos de burlões
Imagina uma empresa, mas do lado criminoso. É assim que muitos especialistas descrevem estas redes. Não falamos de um indivíduo isolado a enviar mensagens só porque sim. Pelo contrário:
- Há equipas que recolhem dados pessoais em fóruns ou através de fugas de informação.
- Outras que criam sites falsos, idênticos aos originais, para apanhar quem cai no truque.
- E ainda os que tratam de alugar servidores e números internacionais para enviar milhares de mensagens de uma só vez.
Ou seja, é quase uma máquina profissional de enganar pessoas. O mesmo esquema pode ser usado para simular uma mensagem dos CTT hoje e, amanhã, transformar-se numa “atualização urgente” do teu banco.
Porque é que as mensagens parecem tão reais
A grande arma destes burlões chama-se engenharia social. Eles conhecem os medos e os hábitos das pessoas:
- Sabem que ninguém quer perder uma encomenda.
- Sabem que, quando alguém recebe um aviso do banco, o instinto é agir depressa.
- E sabem que os portugueses confiam em marcas como CTT, MB Way ou EDP.
É por isso que estas mensagens nunca são genéricas. Vêm sempre com urgência: “A tua conta será bloqueada se não validares já”, “A tua encomenda está retida, paga 1,99€ para desbloquear”. A pressa é a tua maior inimiga.
Mas afinal, de onde vêm estes sistemas?
Aqui está a parte que mais assusta. Muitos destes criminosos nem sequer precisam de programar nada. Hoje em dia, existem kits de phishing disponíveis em fóruns da internet clandestina. Pagam uma quantia e recebem um “pacote pronto a usar”: site falso, texto do SMS e até instruções para enganar as vítimas.
Estes kits funcionam como “franchisings do crime”. Qualquer pessoa com más intenções e algum dinheiro pode começar a enviar mensagens falsas em poucas horas. É por isso que parece que todos os dias há um esquema novo: cartão bancário, correios, eletricidade, impostos.
São sempre os mesmos burlões?
Não é possível dizer que são sempre os mesmos indivíduos, mas o padrão repete-se. Há grupos internacionais que operam a partir de países onde a lei é fraca ou a polícia tem menos controlo. Estes grupos vendem acesso aos seus sistemas a outras pessoas, que depois usam os esquemas localmente.
Por isso é que vemos a mesma técnica aplicada em Portugal, Espanha, França ou Brasil. Mudam os nomes das empresas nas mensagens, mas o “esqueleto” da burla é exatamente o mesmo.
O que pode acontecer se clicares
É aqui que a situação se complica:
- Se for um link dos CTT falsos, vais parar a um site idêntico ao original e dás os teus dados bancários.
- Se for um email do “banco”, acabas a instalar sem querer um programa no telemóvel que copia palavras-passe.
- Se for um SMS sobre MB Way, estás a autorizar uma transferência direta sem te aperceberes.
No fundo, estas mensagens são como uma porta de entrada para a tua vida financeira. E basta um clique mal dado para abrir tudo ao inimigo.
Como te podes proteger
Apesar de parecer assustador, há sinais claros que podem denunciar a burla:
Links estranhos: em vez de “ctt.pt” aparece “ctt-entrega123.com”.
Erros de português: muitos destes textos são traduzidos à pressa.
Pedidos urgentes de pagamento com valores baixos: 1,50€, 2,99€, exatamente para parecer “inofensivo”.
A regra de ouro é simples: nunca cliques em links recebidos por SMS ou email sem confirmar antes no site oficial da empresa. Se for mesmo importante, o banco ou os CTT avisam também por carta ou através da app oficial.
A verdade que ninguém gosta de ouvir
Sim, muitas destas burlas estão ligadas. Sim, funcionam como verdadeiras empresas do crime. E sim, todos nós estamos em risco de receber uma destas mensagens.
A diferença está em como reagimos. Quem cede ao impulso de clicar perde dinheiro, dados e paz de espírito. Quem para, respira fundo e confirma antes de agir, transforma-se no maior obstáculo para estes burlões.
No fim, a mensagem é clara: não subestimes um simples SMS ou email. O que parece um aviso inofensivo pode ser o primeiro passo para um dos maiores pesadelos digitais da tua vida.
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