Há dias em que choramos por tristeza, outros por alívio, outros ainda de tanto rir. Mas já te perguntaste se as tuas lágrimas “sabem” o que estás a sentir? Eu nunca tinha pensado nisso até ver uma experiência científica que mudou completamente a minha forma de olhar o choro. Afinal, as lágrimas são diferentes. O corpo produz tipos diferentes conforme a emoção. E sim, a ciência conseguiu prová-lo.
O que aconteceu
Em 2013, a fotógrafa e investigadora norte-americana Rose-Lynn Fisher decidiu analisar lágrimas humanas ao microscópio. Recolheu amostras de momentos muito distintos: tristeza, alegria, riso, frustração e até as provocadas por cebola. O que descobriu foi quase poético. Ou seja, cada tipo tinha uma estrutura completamente diferente. Algumas pareciam mapas, outras lembravam cristais de neve, e havia até lágrimas que pareciam paisagens aéreas. Era como se cada emoção deixasse a sua própria assinatura química.
As lágrimas emocionais, aquelas que derramamos por amor, saudade ou dor, apresentavam maior concentração de proteínas e hormonas relacionadas com o stress. Já as de alegria tinham cristais mais simétricos e compostos mais equilibrados. Até as lágrimas “físicas”, como as do fumo ou das cebolas, mostravam uma composição distinta, dominada por enzimas protetoras. Cada tipo de lágrima é, portanto, um reflexo direto do que o corpo está a viver naquele momento.
Lágrimas são diferentes: o que isto significa
Durante muito tempo acreditou-se que chorar era apenas uma reação emocional. Mas hoje sabe-se que é um processo fisiológico fundamental. O choro ajuda o corpo a libertar substâncias tóxicas, reduz a pressão arterial e até melhora a respiração. Segundo estudos da Universidade de Minnesota, as lágrimas emocionais contêm hormonas de stress, como a prolactina e a ACTH, que são literalmente expulsas do corpo quando choramos.
Por isso, o alívio que sentimos depois de chorar não é psicológico: é químico. É o corpo a equilibrar-se por dentro. E há uma explicação evolutiva para isso. O choro é uma forma primitiva de comunicação, criada muito antes das palavras. Quando alguém nos vê chorar, ativa no cérebro a empatia, o instinto de cuidar. É por isso que o choro é universal. Não precisa de tradução.
Curiosamente, os cientistas também descobriram que as lágrimas emocionais são únicas nos humanos. Nenhum outro animal chora por emoção. Os outros mamíferos podem produzir lágrimas, sim, mas apenas para lubrificar os olhos. Nós somos os únicos que choramos por amor, perda, felicidade ou medo. É quase poético pensar que somos a única espécie que transforma sentimentos em água.
O que deves fazer
Da próxima vez que chorarem, não te envergonhes. Não é fraqueza é um ato biológico de inteligência emocional. Quando reprimimos o choro, acumulamos as substâncias que o corpo tenta libertar. E isso tem consequências. Vários estudos mostram que quem chora com regularidade saudável tem menos episódios de ansiedade e uma maior estabilidade emocional.
Por isso, se te apetecer chorar, deixa. Fecha a porta, põe uma música e deixa o corpo fazer o que precisa. Há lágrimas que limpam os olhos, mas também há lágrimas que limpam a alma. E, no fim, todas elas contam uma história. A tua.
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