Caso ainda não tenha reparado, os jogos que têm vindo a chegar ao mercado nos últimos meses estão muito mais exigentes em certos requisitos técnicos, nomeadamente na parte da memória existente na sua placa gráfica.
Sabe porquê? Bem, a resposta mais resumida, e mais simples é… Os estúdios já não estão a desenvolver para as velhas PS4 e Xbox One, que apesar de contarem com 8GB de memória no total, tinham algumas limitações inerentes, o que resultava na disponibilização de 4GB ou 5GB para a execução dos jogos propriamente ditos.
Por isso, sim, as regras do jogo mudaram. Porém, a coisa é um pouco mais complexa que isto.
Jogos estão a pedir muito mais memória. Porquê!?
Portanto, seja um jogador casual, ou apenas um amante da tecnologia, é muito provável que não tenha passado ao lado das muitas notícias acerca da enormidade de memória que alguns dos jogos mais recentes andam a pedir.
Aliás, isto até deu origem a um bate-boca entre a NVIDIA e a AMD, visto que enquanto a primeira andou (e ainda anda) a poupar na memória em muitas das suas ofertas, a AMD sempre apostou em placas mais equipadas neste campo, em todas as suas gamas de preço.
Mas o que mudou? O que mudou em pouco mais de 1 ano, para agora termos jogos a pedir 12GB, 18GB, ou por vezes, mais de 20GB de memória VRAM?
Bem, a pandemia teve impacto nesta passagem repentina.
Porque, com a crise de distribuição e produção, as consolas já mencionadas (PS4 e Xbox One) tiveram de aguentar mais 2 anos no mercado. Isto obrigou os estúdios a adaptar planos, e a apostar forte e feio na otimização.
Entretanto, em 2023, já estamos a viver uma vida normal, e por isso, com a PS5 a ser um sucesso de mercado, os estúdios estão finalmente a abandonar a velha geração, para se focar naquilo que realmente interessa. Porém, isto tem consequências.
Ainda assim, antes de mais nada, é preciso ter ideia de como é que as coisas funcionam. O que são gráficos 3D?
Bem, o que vemos no ecrã do nosso monitor, ou TV, é na sua base muita gestão de dados, misturada com muita matemática. No caso dos dados, estes precisam de estar o mais próximo possível do processador gráfico, para garantir boa performance.
É exatamente por isso que a memória cache tem vindo a aumentar significativamente de tamanho nos últimos tempos. Porém, a memória cache é muito mais complexa, e talvez mais importante que isso, muito mais cara. Por isso, a maioria dos dados têm de ser postos noutro lado, sendo aqui que entra a memória VRAM (Memória de Vídeo).
Este tipo de memória é parecido à memória RAM do nosso computador ou smartphone, com alguma especialização à mistura.
Como tem vindo a memória VRAM a evoluir nas placas gráficas?
Bem, há 10 anos, a placa gráfica mais poderosa do mercado contava com 6GB de memória VRAM, com os modelos mais populares a ficarem pelos 3GB ou 4GB.
Hoje em dia, a placa gráfica mais poderosa e mais cara do mercado conta com 24GB de memória. Porém, a grande maioria das placas mainstream conta ainda com mais ou menos 8GB. Seria de esperar um aumento mais palpável em mais de 10 anos? Provavelmente sim, mas não aconteceu.
Mas isto também levanta uma questão… Há 10 anos já era possível encontrar jogos com gráficos incríveis, como é o exemplo de Metro: Last Light, Battlefield 4, entre outros, a usar em média 3~4GB de memória VRAM em FHD.
As coisas mudaram assim tanto, para que os jogos precisem agora de 3x ou 4x mais memória?
Sim e não.
Em termos de renderização, a coisa não mudou assim tanto. Mas além disso, agora temos outras tecnologias de apoio, a dar mais detalhe aos cenários, com um custo computacional muito alto.
Isto em conjunto com o inegável facto que os estúdios não estão a otimizar tão bem, cria um problema.
Em suma, além do facto de existir mais memória, e de termos dado um salto para uma nova geração no lado das consolas, que agora contam com 16GB de memória, em vez dos velhos e limitados 8GB. Os estúdios também começaram a apostar muito mais na luz, e nas reflexões da mesma. Isto é um autêntico POÇO de memória.
Tecnologias como o Ray-Tracing não implicam apenas mais processamento para o GPU e CPU. Implicam também uma nova exigência por mais espaço de armazenamento dentro da própria placa gráfica.