A pirataria não para de aumentar e isso tem levado a uma verdadeira caça às bruxas. Há muitos sites e serviços a serem passados a pente fino, embora vários também tenham sido reportados erradamente. No entanto não são apenas os sites que disponibilizam conteúdos ilegais que passaram a estar na mira das autoridades. A MPA, que é como quem diz, a Motion Picture Association contactou a Comissão Europeia (CE) e forneceu a próxima lista de vigilância da contrafação e da pirataria. A lista chama à atenção para os já habituais operadores em todos os países, mas também para aqueles que fazem vendas de IPTV via Facebook e distribuição através de CDNs como a Cloudflare.
IPTV: autoridades vão andar em cima do Facebook e não só!
A conhecida rede de televisão Sky também contribuiu para este processo e apresentou também o seu relatório. A apresentação da Sky dedica mais espaço ao Cloudflare do que aos mais flagrantes fornecedores de alojamento de IPTV pirata, e o Facebook também não fica de fora.
Apesar de continuar a chamar a atenção para alvos já conhecidos, como os sítios de torrents, os portais de streaming e as aplicações de pirataria, a MPA quer claramente chamar a atenção para o papel dos intermediários terceiros no ecossistema da pirataria. A apresentação da empresa britânica de radiodifusão à União Europeia adopta uma estratégia idêntica.
De acordo com estes intervenientes não só estas operações não têm qualquer escrúpulo em fazer negócios com fornecedores de IPTV pirata, como os pedidos de remoção rápida de conteúdos infratores não são processados com rapidez suficiente para serem de utilidade prática para o organismo de radiodifusão, se é que chegam a ser processados.
Tal como a MPA, a Sky afirma que alguns anfitriões fazem negócios com o anonimato em mente, incluindo registos anónimos, pagamento através de criptomoeda e alojamento offshore.
Cloudflare na mira
A Sky afirma que classificou a Cloudflare como um anfitrião infrator numa lista de 2022 e, de acordo com os dados, a Cloudflare continua a ser “um dos principais anfitriões infractores” atualmente.
A emissora observa que, no mesmo período de sete meses deste ano, 107.307 “incidentes infratores” exclusivos foram identificados no Cloudflare. A Sky afirma que os serviços da Cloudflare são “facilmente explorados” pelos piratas. Tudo para ocultar os seus verdadeiros anfitriões. Mas a Sky vai ainda mais longe.
“Acredita-se que muitos serviços piratas utilizam o Cloudflare. Isso demonstrou-se na ordem do Tribunal de Milão de 2019 envolvendo ‘EnergyIPTV’ e ‘IPTVTheBest’, com ambos os serviços a utilizarem a infraestrutura da Cloudflare para distribuir conteúdo infrator. Tudo sem que a Cloudflare tomasse medidas adequadas para evitar a infração”, informa a emissora à Comunidade Europeia.
Facebook e Google não escapam
A empresa afirma que identificou e comunicou um total de 16.500 anúncios de dispositivos que permitem a pirataria no Facebook e ninguém faz nada. Isto já para não falar nos serviços de IPTV.
A Meta afirma que tem medidas proativas para identificar e eliminar os dispositivos que permitem a pirataria, bem como os serviços de IPTV do Marketplace. No entanto a Sky afirma que o volume contínuo destas listagens sugere que as medidas são, em grande medida, ineficazes.
A Google faz muito, mas não o suficiente
O alegado papel da Google na ajuda aos consumidores para encontrarem conteúdos ilícitos é algo que parece nunca desaparecer. A Sky destaca os resultados de pesquisa orgânica e os anúncios patrocinados como problemáticos. No entanto, critica o gigante das pesquisas por não ir além. Isto quando recebe pedidos de remoção de conteúdos. Ainda assim esta demora não se deve necessariamente a uma falta de ação da Google. É que a Google precisa de analisar o que se passa para não castigar indevidamente quem não tem culpa e é apanhado nas listas só porque sim.
Em Agosto e Setembro desde ano a Liga Nacional de Fútbol Profesional apresentou várias queixas à Google de páginas que segundo esta organização “vende serviços de canais ou subscrições a servidores que fornecem as chaves de descodificação de canais pagos de forma não autorizada. Trata-se de emissões protegidas por direitos de autor que estão disponíveis através do serviço IPTV/CCCAM. Entre os canais que oferecem, encontram-se conteúdos audiovisuais correspondentes ao Campeonato da 1ª e 2ª Divisão.”
Isto não é a primeira vez que acontece e faz sentido num esforço de combater a transmissão de conteúdos ilegais.
A grande questão é que nessa lista estão incluídas também páginas que disponibilizam apenas leitores de IPTV ou streams legais. Sim porque como referido inicialmente existem vários streams legais a que se podem aceder por quem apenas tem Internet em casa.
Ou seja, o que dá a entender é que foi feita apenas uma pesquisa na Google. Depois adicionaram 947 sites a uma lista baseando-se nas palavras IPTV sem sequer se analisar tudo ao pormenor. Assim isto representa para alguns dos sites um atentado à informação que deve ser livre conforme o princípio que rege a Internet.
Isto tudo vai levar a um olhar mais atento das autoridades em cima de empresas como o Facebook e o Cloudflare. No entanto não será algo fácil, porque como refere a Sky trata-se de muitas entradas.
Veremos de qualquer modo que efeito prático isto terá na venda de serviços de IPTV via Facebook e não só.