Tem sido incrível ver a Apple toda feliz a falar do USB-C, e claro, todos os fãs do mundo iOS igualmente felizes por finalmente dizerem adeus aos seus velhos e frágeis cabos Lightning.
Mas, como deve imaginar, tiveram de existir várias razões para a Apple decidir adotar o padrão do mundo da tecnologia apenas em 2023, quando todas as outras grandes empresas já migraram para a velha porta USB-C há quase uma década.
Vamos tentar perceber? A história é realmente muito curiosa.
iPhone com USB-C em 2023. UAU! Sabe porquê?
Portanto, caso não saiba, o primeiro telemóvel a chegar ao mercado equipado com uma porta USB-C foi o “Le 1“, um smartphone Android muito interessante, proveniente de uma fabricante Chinesa que tentou entrar no mercado Europeu há vários anos atrás com ofertas muito interessantes, especialmente no preço, mas que por várias razões infelizmente falhou. Este smartphone foi lançado em 2015!
Porém, antes de chegar aos smartphones, a tão importante e badalada porta USB-C chegou ao mercado um pouco antes disso.
Sabe pelas mãos de quem? Foi pelas mãos da Apple!
Sim! A gigante Norte-Americana lançou o MacBook 12” em 2015, equipado apenas com portas USB-C, servindo assim como uma das grandes potenciadoras do formato no mundo tech.
Isto não é a brincar. A grande responsável pelo sucesso do USB-C no mercado atual é mesmo a Apple. Uma empresa que de forma muito curiosa, acabou por também ser uma das maiores resistentes a este mesmo formato no mundo mobile.
Aliás, podemos até dizer que a Apple foi obrigada a adotar o padrão USB-C com a gama iPhone 15, graças a novas (e importantes) legislações da União Europeia. Mas, como sempre, apesar de ser engraçado dizer que a Apple foi obrigada a fazer alguma coisa, o assunto acaba por ser bem mais complexo. Vamos por partes?
O cabo Lightning era, e na verdade continua a ser, uma autêntica mina de ouro para a Apple!
Porquê? É simples! Enquanto o USB-C é um formato aberto, a entrada Lightning é propriedade da Apple.
O que por sua vez significa que a Apple não só faz dinheiro na venda dos seus próprios cabos, como também faz dinheiro no licenciamento desta tecnologia a terceiros.
Dito tudo isto, segundo os números mais recentes, deixar o Lightning para trás vai eventualmente custar 5 mil milhões de euros por ano à Apple. É mesmo muito dinheiro! Sendo esta (obviamente!) a razão mais forte para a adoção tardia do USB-C no iPhone.
Porém, esta não é a única razão.
Ou seja, se porventura quiser ler as objeções da Apple em 2021, altura em que a Comissão Europeia começou a ser um pouco mais intransigente com o tema, é fácil perceber que a gigante Norte-Americana não estava completamente contra a adoção do padrão.
Sendo exatamente por isso que a Apple mencionou várias complexidades da especificação USB-C que os consumidores infelizmente desconhecem.
Ou seja, apesar do facto do USB-C ser um padrão Universal, isto não significa que todos os cabos são iguais. Infelizmente, fabricantes diferentes têm níveis de exigência diferentes, e cabos diferentes vão também ter capacidades diferentes. Por exemplo, um cabo barato não vai ter suporte a carregamento rápido, ou a elevadas taxas de transferência de dados. Era importante clarificar isto ao mercado, de forma a evitar problemas mais tarde.
Em suma, a Apple não queria que os utilizadores fossem comprar cabos USB-C de qualidade inferior, a pensar que serviriam sem qualquer problema, porque… Bem… Eram USB-C.
Além disto, a Apple também queria poder vender os seus modelos mais antigos com conectores Lightning, dentro da UE, para as pessoas que não quisessem pagar um preço mais elevado pelo modelo mais recente do seu smartphone.
Porém, a União Europeia queria que todos os iPhone tivessem USB-C à força. Mesmo os modelos já lançados! Sim, a UE queria uma recolha e relançamento dos iPhone mais antigos, para cumprir as novas regras. Caso contrário a sua venda não seria permitida.
A Apple esteve sempre contra isso, porque além de ser uma perda de receitas quase inacreditável, o reaproveitamento (reciclagem) destes aparelhos iria exigir muitos recursos, e resultaria, claro, em muito lixo eletrónico.
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