A InteligĂȘncia Artificial nĂŁo tem resposta para tudo porque “nasceu” assim. Foi treinada com todo o tipo de dados que pode encontrar na Internet. Ou seja, se porventura for perguntar qual Ă© a capacidade de bateria de um qualquer smartphone, Ă© provĂĄvel que o motor de pesquisa do sistema IA que estĂĄ a utilizar aproveite um artigo escrito por mim para lhe dar a resposta.
PorĂ©m, eu nunca dei autorização para que as minhas respostas fossem utilizadas em pesquisas IA. Uma coisa Ă© publicar artigos, e os motores de buscar indexarem esses mesmos artigos nos seus resultados de pesquisa, que depois tĂȘm ranking consoante a sua qualidade. Se alguĂ©m clicar no meu artigo, vem ter Ă Leak, e Ă© bom para todos. Outra completamente diferente Ă© ter os meus dados utilizados sem qualquer autorização, e sem qualquer pessoa entrar no meu site.
Ou seja, publicar artigos para serem lidos por humanos, atravĂ©s de motores de busca, Ă© uma coisa. Esses motores mostram o meu link, hĂĄ trĂĄfego, hĂĄ retorno. Mas usar esse conteĂșdo para treinar IA, sem qualquer visita, sem trĂĄfego, sem permissĂŁo? Isso jĂĄ Ă© outra histĂłria, e Ă© algo que eu (e muitos outros) sinto na pele.
Ou seja, vivemos num mundo onde roubar um carro ainda Ă© crime, mas roubar cultura para treinar inteligĂȘncia artificial parece ser sĂł mais uma terça-feira normal. NĂŁo pode ser.
InteligĂȘncia Artificial pode morrer de um dia para o outro. Sabe porquĂȘ?
Portanto, se as empresas focadas em IA tiverem de pedir autorização, de forma a usar conteĂșdos protegidos por direitos de autor. Algo que devia ser a norma. Tudo isto pode morrer âde um dia para o outroâ.
Quem o diz Ă© Nick Clegg, antigo vice-primeiro-ministro britĂąnico e ex-executivo da Meta.
Esta afirmação feita durante a promoção do livro How to Save the Internet. Precisamente num momento em que o Parlamento britùnico estå a debater o novo Data (Use and Access) Bill.
Uma lei que pretende regular o acesso aos dados de utilizadores e empresas. Incluindo aquilo que pode (ou nĂŁo) fazer parte de treinos para modelos de IA.
Mas, Ă© preciso ter a noção de que… Exigir que as empresas notifiquem ou obtenham autorização para cada obra usada nos seus modelos Ă© completamente impossĂvel. Isto tanto do ponto de vista tecnolĂłgico como prĂĄtico.
O ponto Ă© simples: a IA precisa de quantidades gigantescas de dados. Esses dados jĂĄ estĂŁo disponĂveis publicamente. EntĂŁo, para quĂȘ complicar?
Ora, do outro lado da barricada, artistas, escritores e criadores nĂŁo concordam. E a verdade Ă© que tĂȘm razĂŁo.
Ă um roubo culturar em massa, sem qualquer tipo de controlo.
Especialmente porque não se pode optar por sair do sistema. (Isto porque ninguém sabe que dados fazem parte das bases de dados. De quem são? Para onde vão?)
AtĂ© lĂĄ, a questĂŁo mantĂ©m-se! O futuro da IA justifica o desaparecimento silencioso de toda uma indĂșstria criativa? E serĂĄ que a desculpa da âfĂsica da tecnologiaâ serve para atropelar os direitos de quem cria?
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