Se há coisa bonita na tecnologia, é quando começa a ser possível resolver problemas graves, isto é especialmente verdade no campo da saúde. Dito isto, apesar de parecer ficção científica, já existe um implante eletrónico ocular, desenvolvido para combater a degeneração macular relacionada com a idade (AMD).

Estamos a falar de um implante capaz de restaurar parcialmente a visão em pacientes que antes não tinham qualquer tratamento possível.

Felizmente, os resultados foram publicados na New England Journal of Medicine e podem marcar o início de uma nova era na oftalmologia.

• Este era um dos maiores mitos da televisão portuguesa nos anos 80!

Uma doença que rouba a visão a milhões!

A AMD é uma das principais causas de perda de visão em pessoas com mais de 50 anos.

Começa de forma silenciosa, com o afinamento da mácula (a parte da retina responsável pela visão detalhada e pelas cores)m e pode evoluir para atrofia geográfica (GA), fase em que a mácula literalmente desaparece.

Afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo, e até agora, quem chegava à fase terminal perdia a visão de forma irreversível.

Felizmente, essa história pode estar a mudar.

Como funciona? Como se chama?

Chamado PRIMA, o novo implante fotovoltaico da retina tem apenas 2 milímetros e é colocado por baixo da retina. Trabalha em conjunto com óculos de realidade aumentada, que captam o que o paciente está a ver e projetam luz infravermelha diretamente no chip.

Essa informação é depois processada por um pequeno controlador que o paciente leva à cintura e traduzida por inteligência artificial em sinais visuais que o cérebro consegue interpretar.

O resultado? Cerca de 80% dos pacientes tratados recuperaram alguma visão ao fim de um ano, com melhorias consideradas clinicamente significativas.

Ainda não é visão a cores. 

Por enquanto, os pacientes apenas conseguem ver em tons de preto e branco, mas já com distinção de formas e movimento. Os investigadores acreditam que as próximas versões do software poderão melhorar o contraste, os níveis de cinzento e até o reconhecimento facial.

Ainda assim, o objetivo não é devolver uma visão perfeita de 20/20, mas sim ultrapassar o limite da cegueira legal, permitindo que os doentes voltem a ter alguma autonomia no dia-a-dia.

O futuro da visão artificial?

Em suma, o PRIMA é apenas um dos vários projetos em curso para devolver a visão através da tecnologia.

Também já estão em desenvolvimento implantes autoalimentados, que não precisam de carregamento. Aliás, até olhos biônicos completos, capazes de substituir as funções naturais do olho humano.

Por enquanto, o que este pequeno chip provou é que a visão perdida pode ser parcialmente recuperada. Pode parecer pouco… Mas para quem não tem nada, é extremamente importante.