Há uma idade onde o exercício resulta melhor ou é tudo igual? 

Durante anos ouvimos a mesma frase dos especialistas: “mexer o corpo faz bem ao cérebro”. A atividade física melhora a circulação, ajuda o cérebro a criar novas ligações entre neurónios e reduz inflamação crónica. Tudo isto parece proteger contra o declínio cognitivo e a demência. Mas havia perguntas importantes por responder: é preciso começar a fazer exercício em jovem? Ou mesmo quem só começa a mexer-se mais depois dos 40 ainda vai a tempo? E quem tem maior risco genético, ganha alguma coisa com isso? Há uma idade onde o exercício resulta melhor ou é tudo igual?

Há uma idade onde o exercício resulta melhor ou é tudo igual? 

Um novo trabalho da histórica Framingham Heart Study, nos Estados Unidos, ajuda a clarificar o cenário. Os investigadores acompanharam 4 290 pessoas ao longo de várias décadas, analisando o nível de atividade física e o aparecimento de demência. Os participantes foram avaliados como adultos jovens (26–44 anos), na meia-idade (45–64 anos) e já em idade avançada (65+). Em cada fase, classificaram quanto se mexiam: pouco, moderadamente ou muito. Ao mesmo tempo, registaram quem desenvolveu demência e em que idade isso aconteceu. Também verificaram quem tinha a variante genética APOE ε4, ligada a maior risco de Alzheimer.

afinal o exercício não queima tantas calorias como pensa

A demência e o exercício

No total, cerca de 13% dos participantes desenvolveu demência, sobretudo nas idades mais avançadas. Mas o dado mais interessante está na relação com o exercício: quem tinha níveis mais elevados de atividade física na meia-idade e na velhice teve um risco 41–45% menor de vir a ter demência, comparando com quem quase não se mexia. Esta diferença manteve-se mesmo depois de ajustar fatores como idade, escolaridade, tensão alta ou diabetes.

Não basta exercício numa fase da vida

Curiosamente, ser ativo apenas em adulto jovem não pareceu mudar muito o risco de demência lá mais para a frente. O impacto mais forte surgiu mesmo a partir dos 45 anos. E a análise genética trouxe outro detalhe: na meia-idade, o efeito protetor do exercício foi claro em pessoas sem a variante APOE ε4. Já na idade avançada, manter-se ativo ajudou tanto quem tinha como quem não tinha essa predisposição genética. Ou seja, mesmo quem “herda” maior risco pode continuar a ganhar alguma proteção se não ficar parado na velhice.

afinal o exercício não queima tantas calorias como pensa

O estudo tem limitações. Assim a atividade foi auto-reportada, não se sabe qual o tipo de exercício ideal e a amostra é pouco diversa. Mas a mensagem prática é simples e, de certa forma, reconfortante: não é preciso ser atleta profissional, mas ficar sentado anos a fio é que não ajuda nada. Caminhar mais, subir escadas, fazer algum exercício regular e evitar o sedentarismo, sobretudo a partir da meia-idade, é provavelmente uma das formas mais acessíveis de cuidar do cérebro do “eu” de amanhã.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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