Quando surgem sintomas como dores de barriga, diarreia e vómitos, é comum atribuí-los a uma “virose” ou a algo que comemos e não caiu bem. Mas será mesmo uma simples indisposição ou estamos perante um caso de gastroenterite ou de intoxicação alimentar?
Gastroenterite ou intoxicação alimentar? Eis como distinguir
Ambas as condições têm sintomas semelhantes, mas as causas e o modo como surgem são diferentes. Vamos perceber o que distingue uma da outra e como podemos preveni-las.
O que é a gastroenterite?
A gastroenterite é uma infeção do sistema digestivo provocada por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Estes agentes invadem o intestino, multiplicam-se e causam inflamação na parede intestinal, daí o sufixo “-ite”.
É uma condição muito comum e, embora muitas vezes associada à ingestão de alimentos contaminados, também pode ser transmitida através do contacto com superfícies infetadas ou de pessoa para pessoa. Um simples toque numa maçaneta ou numa bancada contaminada pode ser suficiente, especialmente se depois levarmos as mãos à boca.
E a intoxicação alimentar?
A intoxicação alimentar ocorre quando ingerimos alimentos contaminados com substâncias químicas, toxinas ou microrganismos perigosos. Ao contrário da gastroenterite, que pode ter várias origens, aqui a causa está sempre relacionada com o que comemos ou bebemos.
Alguns exemplos clássicos incluem alimentos com pesticidas, cogumelos venenosos ou peixe fugu (bastante tóxico se não for corretamente preparado). No entanto, a maioria dos casos de intoxicação alimentar resulta da ingestão de alimentos com bactérias nocivas e as toxinas que produzem.
Estas toxinas podem causar danos quase imediatos ao revestimento do intestino nalguns casos, os sintomas aparecem em apenas 30 minutos após a ingestão.
Como saber qual é qual?
Os sintomas de ambas incluem diarreia, vómitos, náuseas, cólicas abdominais, febre e dores de cabeça. A diferença está muitas vezes no tempo que levam a manifestar-se:
A gastroenterite viral, como a causada pelo norovírus, tende a provocar sintomas entre 24 a 48 horas após o contágio e pode durar até dois dias.
A intoxicação alimentar, quando provocada por toxinas, pode dar sinais em menos de uma hora. No entanto, outras bactérias, como a Listeria, podem demorar semanas a desencadear sintomas.
De forma geral, se os sintomas surgirem rapidamente após uma refeição suspeita, é mais provável tratar-se de uma intoxicação. Se os sintomas demorarem mais a aparecer, pode tratar-se de gastroenterite.
Como prevenir?
As medidas de prevenção são semelhantes e passam por boas práticas de higiene alimentar:
Lavar bem as mãos antes de cozinhar ou comer.
Separar alimentos crus de alimentos cozinhados.
Cozinhar bem os alimentos e armazená-los à temperatura adequada.
Limpar e desinfetar superfícies contaminadas com vómito ou fezes (usar luvas, água quente com detergente, seguido de lixívia com 0,1% de hipoclorito).
No caso da gastroenterite, como pode ser transmitida sem envolvimento de alimentos, é essencial lavar as mãos após ir à casa de banho ou mudar fraldas.
O que fazer para melhorar?
Entretanto a prioridade é evitar a desidratação. Assim deve-se beber muitos líquidos e, em casos mais intensos, optar por soluções de reidratação oral, disponíveis nas farmácias.
Pode também preparar uma solução caseira: 1 litro de água com 6 colheres de chá de açúcar, ½ colher de chá de sal e ½ colher de chá de bicarbonato de sódio. Para melhorar o sabor, pode adicionar um pouco de sumo ou cordial.
Se os sintomas forem graves ou persistirem, deve procurar um médico ou dirigir-se ao serviço de urgência.
