Uma análise abrangente a 429 mil cirurgias revelou um dado preocupante. A probabilidade de complicações, necessidade de reinternamento ou mesmo morte aumenta cerca de 5% quando uma operação ocorre antes do fim de semana. Isto em comparação com aquelas realizadas logo após. Ou seja, é mesmo mais perigoso fazer uma cirurgia neste dia da semana que antecede o fim-de-semana.
É mais perigoso fazer uma cirurgia neste dia da semana!
A investigação, conduzida por especialistas de várias instituições nos EUA e no Canadá, sugere que a fadiga de sexta-feira pode afetar os profissionais de saúde da mesma forma que impacta outras áreas de trabalho. No entanto, é provável que esta diferença nos resultados tenha múltiplas causas.
Embora os investigadores não tenham aprofundado todas as razões responsáveis por esta discrepância, avançam algumas hipóteses. Assim defendem que se torna essencial conduzir mais estudos para garantir que os padrões de qualidade no atendimento médico se mantenham ao longo de toda a semana.
O impacto do dia da cirurgia nos resultados
Os dados analisados foram recolhidos ao longo de 12 anos. Assim permitiram aos cientistas avaliar as consequências das cirurgias ao fim de 30 dias, 90 dias e um ano. Os benefícios de operar após o fim de semana mantiveram-se em todos os períodos analisados.
Curiosamente, a diferença de resultados entre operações realizadas antes e depois do fim de semana foi menos evidente em cirurgias de emergência. Segundo os investigadores, isso pode dever-se ao facto de os procedimentos urgentes não poderem ser adiados. Isto reduz o risco de deterioração da condição dos pacientes antes da operação.
Embora sejam necessários mais estudos para compreender todos os fatores envolvidos, investigações anteriores já haviam identificado padrões semelhantes, sugerindo que a explicação para estas diferenças é complexa e multifacetada.
Fatores que podem influenciar os resultados
De acordo com os investigadores, diversos aspetos a nível organizacional podem estar a contribuir para esta variação, incluindo diferenças na equipa médica disponível, acesso a determinados serviços e desafios na coordenação dos cuidados de saúde.
Um dado relevante observado foi que os cirurgiões que operavam à sexta-feira tinham, em média, menos três anos de experiência do que aqueles que realizavam cirurgias à segunda-feira. Esta diferença de experiência pode ser um ponto de partida para os hospitais melhorarem a consistência dos cuidados ao longo da semana.
Outros estudos também sugerem que o sucesso de uma cirurgia pode alterar-se por fatores inesperados.
Por exemplo, investigações anteriores indicaram que a taxa de mortalidade em pacientes do sexo feminino torna-se mais elevada quando o cirurgião é do sexo masculino. Isto embora as razões para esta diferença ainda não estejam completamente esclarecidas.
No final, o objetivo de cirurgiões e profissionais de saúde é garantir os melhores resultados possíveis para os pacientes. Identificar padrões como este pode ajudar a otimizar práticas hospitalares e melhorar a segurança dos doentes, independentemente do dia da semana em que se opera.