Passaste os dias a desligar luzes, reduziste os banhos quentes, até trocaste as lâmpadas por LEDs mas a conta da luz continua teimosamente igual. Se já olhaste para o recibo da eletricidade e pensaste “isto não faz sentido”, não estás sozinho. A verdade é que milhares de portugueses estão a pagar quase o mesmo, mesmo consumindo menos. E não, não é erro do contador é o próprio sistema que está feito assim. Mas porque é que a fatura de luz não desce?
Fatura de luz não desce: mito da poupança automática
Durante anos, acreditámos que poupar energia significava automaticamente pagar menos.
Mas as faturas de luz em Portugal escondem uma série de custos fixos, taxas e impostos que não dependem do teu consumo. Ou seja, mesmo que reduzas o gasto, há uma parte da conta que nunca baixa.
As taxas fixas que nunca desaparecem
Olha para o recibo com atenção.
Entre o “consumo” e o “total a pagar” há várias linhas misteriosas:
Termo fixo da potência contratada:
É o valor que pagas só por teres eletricidade disponível, mesmo que não ligues nada.
Quanto maior a potência (ex: 6,9 kVA em vez de 3,45 kVA), mais caro.
Taxa audiovisual (RTP):
Um clássico. Todos pagam, mesmo que nunca vejam televisão pública são 2,85€ por mês.
Taxa DGEG e outros custos regulatórios:
Pequenas quantias que, somadas, pesam todos os meses.
IVA sobre tudo:
23% de imposto, aplicado não só sobre o consumo, mas também sobre as taxas.
Resultado? Mesmo que passes de 200 kWh para 100 kWh, a fatura pode descer apenas 10% porque a metade fixa continua intacta.
A potência contratada: o detalhe que quase ninguém revê
Muitos portugueses continuam com uma potência muito acima do que realmente precisam.
Por exemplo, quem vive sozinho com poucos aparelhos poderia ter 3,45 kVA em vez de 6,9 kVA, poupando cerca de 6 a 8€ por mês.
Mas como as empresas raramente explicam isso, a maioria paga mais “por precaução”.
É o equivalente a ter uma estrada de seis faixas… para um carro que só usa uma.
A comparação que dói
Segundo dados da ERSE, quase 30% da fatura de eletricidade é custo fixo, independentemente do consumo. E nos meses de inverno ou verão, quando os aparelhos de climatização entram em jogo, a diferença entre “gastar menos” e “pagar menos” fica ainda mais confusa.
O que podes fazer
Reduz a potência contratada.
Contacta o teu fornecedor e pede simulação. Se não usas ar condicionado, placa elétrica e forno ao mesmo tempo, podes baixar.
Compara tarifários.
O site da ERSE tem simulador gratuito: a diferença entre fornecedores pode ultrapassar 100€ por ano.
Repara nos custos invisíveis.
Em média, entre 30% e 40% da tua fatura são taxas e impostos. Não desaparecem, mas ajudam-te a perceber onde estás a ser “comido”.
Verifica a faturação estimada.
Se o contador não for inteligente, a empresa estima consumos com base em meses anteriores e só acerta depois.
Poupar eletricidade continua a ser importante pelo planeta e pela carteira. Mas não te deixes enganar: o sistema foi desenhado para garantir que pagas, mesmo quando consomes menos. A verdadeira poupança começa quando percebes onde o dinheiro vai parar.
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