Quinta-feira, Agosto 7, 2025

Jornalista entrevista avatar de jovem morto e dividiu o mundo

A notícia caiu como uma bomba: Jim Acosta, antigo rosto da CNN e agora jornalista independente, decidiu fazer uma entrevista a… um avatar de inteligência artificial de um jovem morto num tiroteio escolar. Sim, leste bem. Joaquin Oliver, morto em 2018 no massacre de Parkland, nos EUA, “voltou” graças à IA e a internet não ficou indiferente.

A entrevista de jovem morto que ninguém estava preparado para ver

Entretanto o vídeo, publicado no Substack de Acosta, mostra o jornalista a conversar com uma recriação digital de Joaquin, gerada a partir de uma fotografia real. A imagem é perturbadora: o avatar fala com uma voz robótica, sem emoção, e com movimentos faciais longe de naturais. Quando Acosta pergunta “O que te aconteceu?”, a resposta é arrepiante:

“Fui retirado deste mundo demasiado cedo devido à violência armada na escola.”

O objetivo? Promover a luta contra a violência com armas nos EUA. Assim a ideia partiu dos próprios pais de Joaquin, que criaram a organização “Change the Ref” e convidaram Acosta para ser o primeiro jornalista a entrevistar o avatar do filho.

As redes sociais explodiram e não foi só de emoção

O vídeo tornou-se viral pelas piores razões. Entretanto muitos descreveram a experiência como “assustadora”, “estranha” e “perturbadora”. A polémica dividiu opiniões:

Críticas duras:

Falta de ética: O uso da imagem de um menor falecido gerou acusações de exploração emocional.

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Consentimento impossível: Pode um jovem morto ter concordado com isto?

Jornalismo ou espetáculo? Vários especialistas acusaram Acosta de usar uma tragédia para criar buzz mediático.

Há sobreviventes vivos: Comentários questionaram porque não se entrevistaram pessoas reais com voz própria.

inteligência artificial não representa um perigo para os humanos!

Mas também houve quem defendesse:

Ferramenta poderosa de consciencialização: Alguns consideraram o impacto emocional mais eficaz do que discursos políticos vazios.

Direito dos pais: Assim foram eles que decidiram recriar o filho para manter viva a sua mensagem.

Inovação na advocacia: Numa era de IA, por que não usá-la para causas sociais?

Especialistas em luto e IA estão em alerta

Psicólogos e especialistas em ética lançaram avisos claros:

Memória ou manipulação? A linha entre homenagem e perturbação emocional é cada vez mais ténue.

“Vale misterioso”: A sensação de desconforto ao ver humanos digitais quase reais pode causar reações fortes.

Risco de trauma secundário: Sobretudo para sobreviventes, familiares ou outras vítimas.

Do lado da tecnologia, o alerta é outro: o uso de IA para recriar mortos ainda não tem regras claras. E este caso pode abrir um precedente perigoso.

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Um vídeo que chegou ao mundo inteiro

A entrevista foi rapidamente noticiada por meios internacionais e reacendeu o debate sobre até onde a IA deve ir. França, Reino Unido, Singapura. Todos comentaram o momento. O próprio juiz de um caso nos EUA onde já se usou IA num tribunal chegou a dizer:

“Adorei essa IA… Senti que foi genuíno.”

Mas genuíno para quem? Essa é a pergunta que ainda está por responder.

Conclusão: brilhante ou demasiado cedo?

O que Acosta fez foi ousado. Disruptivo. E, sem dúvida, polémico. Mas o mundo talvez ainda não esteja pronto para ver os mortos “voltarem à vida” através da inteligência artificial. Especialmente quando se trata de vítimas de violência.

Esta entrevista serviu para algo: abrir um debate que já não pode ser evitado.
Entretanto quem decide o que é homenagem e o que é exploração? Quem controla os limites da IA quando a emoção entra em jogo?

Por agora, fica o aviso: nem tudo o que é possível com tecnologia deve ser feito. E quando se trata da dor alheia, o risco de ir longe demais é real.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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