A DIGI entrou em Portugal com uma promessa clara: preços imbatíveis. Planos de Internet, TV e telemóvel por valores tão baixos que deixaram a MEO, a NOS e a Vodafone a coçar a cabeça. Mas será que o “milagre dos 7 euros” é mesmo perfeito ou há algo escondido por trás da oferta mais barata do país? É verdade que a DIGI está a abalar o mercado, mas há limitações que muitos clientes só descobrem depois de mudar. E sim, algumas podem ser decisivas. Onde é que a DIGI falha como alternativa?
Preço de choque: o trunfo da DIGI
Não há volta a dar. Ninguém bate a DIGI nos preços. Planos de fibra por menos de 10 €, tarifários móveis ilimitados com 50 GB de dados, pacotes convergentes (Net + Móvel + TV) que custam quase metade do que cobram as “três grandes”.
O segredo é simples: a DIGI chegou com uma estrutura nova, custos reduzidos e sem os “pesos históricos” das operadoras antigas. Não há fidelizações longas, nem campanhas confusas o preço é o preço.
E, para muitos portugueses, isso já basta para mudar.
Mas… a cobertura ainda deixa a desejar
Aqui começa o lado menos brilhante da história. Apesar de já estar presente em várias zonas urbanas, a cobertura da DIGI ainda está longe da das concorrentes.
Nos fóruns e redes sociais multiplicam-se relatos de: “Em casa tenho rede cheia, mas na rua o telemóvel perde sinal.” “Não consigo receber chamadas dentro de alguns prédios.”
De acordo com dados oficiais e análises independentes, a rede 4G da DIGI cobre cerca de 93% da população, e o 5G ronda apenas os 40%. A título de comparação, a MEO e a Vodafone já ultrapassam os 99% no 4G.
Em zonas rurais ou mais afastadas dos grandes centros, o sinal é irregular e, quando há falha elétrica numa antena, a rede simplesmente cai, segundo queixas registadas no Portal da Queixa.
Chamadas e SMS: nem sempre funcionam bem
Outro ponto fraco ainda em destaque: problemas nas chamadas e mensagens.
Há utilizadores que dizem não conseguir receber SMS de bancos, ou chamadas de certos números, mesmo com rede visível.
“O cartão DIGI parece morto, tenho rede, mas não recebo nada”, escreveu um cliente num grupo do Reddit.
Estes problemas são típicos de uma rede em crescimento, mas mostram que o sistema ainda não está 100% maduro. A estabilidade e o roaming interno, em particular, continuam a ser os “calcanhares de Aquiles” da DIGI.
Dependência de outras infraestruturas
Apesar da sua ambição, a DIGI ainda não tem rede própria em todo o país.
Em muitas regiões, usa infraestruturas partilhadas ou arrendadas, o que significa que depende de acordos com outros operadores.
Quando esses acordos são limitados ou mais caros, a DIGI simplesmente não investe e a cobertura nessa zona fica para trás. É um modelo eficiente financeiramente, mas arriscado para quem precisa de serviço estável em todo o território.
Apoio ao cliente: o calcanhar de Aquiles
Outro ponto de crítica frequente é o atendimento ao cliente. Por ser uma empresa nova e com crescimento acelerado, as equipas de suporte ainda não dão resposta ao volume de pedidos.
Há relatos de esperas longas, respostas automáticas e dificuldade em resolver problemas técnicos mais complexos. Nada de catastrófico, mas longe da eficiência a que muitos estavam habituados na MEO ou Vodafone.
5G: disponível, mas ainda tímido
A DIGI já anuncia 5G incluído sem custos adicionais, e isso é verdade mas a cobertura ainda é muito limitada. Em Lisboa, Porto e algumas cidades do litoral funciona bem, mas no resto do país ainda é 4G disfarçado.
Além disso, testes independentes mostram que as velocidades máximas de download raramente ultrapassam 300 Mbps, muito abaixo do potencial teórico. É o típico caso de “a tecnologia está lá, mas falta músculo”.
Então… vale a pena mudar ou a DIGI falha mesmo como alternativa?
Se moras numa zona urbana com boa cobertura de fibra e não dependes da rede móvel para trabalho, a DIGI é a melhor relação preço/qualidade em Portugal neste momento.
Mas se vives em zonas rurais, dependes de sinal estável ou precisas de suporte técnico rápido, talvez seja melhor esperar mais uns meses.
A DIGI é, sem dúvida, o sopro de ar fresco que o mercado português precisava.
Obrigou as gigantes a rever preços, mostrou que é possível ter Internet e telemóvel por menos de 20 €, e conquistou milhares de clientes em poucos meses. Mas como qualquer “novo player”, ainda está a crescer.
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