Trocar de operadora costuma ser uma decisão racional: pagas menos, tens mais velocidade, ficas com a sensação de que realmente conseguiste fugir e vais poupar. Foi isso que aconteceu com um utilizador português que decidiu passar da Vodafone para a DIGI e, pelo caminho, partilhou uma experiência que está a fazer eco nas redes sociais.
A ideia era simples: continuar a pagar menos, apoiar um “não incumbente” que promete abanar o mercado… e ter um serviço estável em casa. A realidade, ao fim de pouco mais de um mês, foi outra: atrasos, dores de cabeça técnicas e a conclusão dura: para já, a DIGI ainda não serve todos os perfis de cliente.

A expectativa: preços baixos e um mercado mais justo
O protagonista desta história era cliente Vodafone (internet + móvel) e decidiu separar as águas:
- Internet fixa com a DIGI
- Serviço móvel temporariamente na WOO, à espera de ver como a rede móvel da DIGI evolui
Ou seja, não estamos a falar de alguém “anti-DIGI”. Pelo contrário. Há uma ideia clara de que a DIGI é importante num mercado onde as grandes operadoras foram acusadas de praticar preços elevados e fidelizações longas durante anos. Vários relatórios mostram precisamente isso: a entrada da DIGI coincidiu com uma descida de preços e mais ofertas low-cost, mas também com uma explosão de reclamações, sobretudo no Portal da Queixa.
A expectativa era ajudar a “forçar” essa mudança, beneficiando dos preços baixos… sem perder a sanidade.
A realidade: três semanas para uma data e uma instalação de 4 horas
O primeiro choque veio logo no arranque.
Quase 3 semanas até conseguirem dar uma data de instalação
Várias chamadas para o apoio ao cliente a pedir um simples agendamento
Zero calendarização a médio prazo: nem sequer “marcamos para daqui a um mês, mas fica garantido”
Quando o técnico aparece, esperava-se uma instalação simples: PDO a menos de dois metros da janela, rés-do-chão, tubagem com guia já pronta. Para quem trabalha na área (como o próprio utilizador), isto é um cenário de 1 a 2 horas.

A realidade? Quase 4 horas de instalação.
Não é que o cabo não tenha ficado a funcionar, ficou. Mas a sensação que fica é a de improviso, “desenrascanço” e pouca eficiência.
MyDigi em baixo desde o dia 1: serviço a funcionar, mas o cliente às cegas
Segundo o relato, desde o primeiro dia de serviço que não há acesso ao MyDigi: nada de faturas, nada de consumos, nada de gestão de conta.
A resposta do apoio ao cliente? Que “há vários utilizadores afetados” e que estão com problemas na plataforma.
Isto não é um pormenor: numa operadora digital e low-cost, a app e a área de cliente são metade da experiência. E enquanto isso, os clientes continuam a aderir e a usar um serviço onde não conseguem, em muitos casos, ver sequer o que estão a pagar.
Os números do Portal da Queixa ajudam a perceber que este não é um caso isolado: o índice de satisfação da DIGI ronda os 51/100, com muitas reclamações relacionadas com qualidade do serviço, atrasos na instalação, faturação e apoio ao cliente.

Não é “ódio à DIGI”. É cansaço.
O próprio utilizador faz questão de sublinhar: não faz parte do “culto DIGI”, nem do “ódio DIGI”. Reconhece que a operadora está a mexer com o mercado, a forçar preços mais baixos nas concorrentes e a reduzir fidelizações. E acredita que, com o tempo, a DIGI vai ganhar maturidade.
Mas neste momento, a conclusão é dura:
“Preciso de algo que funcione, e este serviço só me tem dado dores de cabeça neste mês e pouco (mais do que a Vodafone em 2 anos). Não voltarei para a Vodafone, mas prefiro pagar um pouco mais e deixar de ter esta dor de cabeça.”
É aqui que está a verdadeira bomba deste tipo de relatos: não é alguém “do contra”, é alguém que queria mesmo que a DIGI resultasse e mesmo assim está a preparar a saída.
